:)

Pesquisar

quinta-feira, 25 de abril de 2013

TENDÊNCIAS



 

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum 

A FRAQUEZA ECONÔMICA DO GOVERNO

Estagflação na economia significa, em síntese, a convivência de uma economia estagnada, porém, com inflação. É o pior dos mundos econômicos. Pois o Brasil cada vez mais caminha nesse sentido, diante das medidas erráticas adotadas pela área econômica do governo nos últimos anos. Após registrarmos 0,9% de PIB em 2012, a inflação oficial (IPCA) acaba de romper o teto da meta, se estabelecendo em 6,59% ao ano. Para este primeiro trimestre de 2013 a expectativa é de que o PIB tenha ficado em 1% de crescimento, porém, o mercado estima que tal resultado é passageiro, pois está ligado especialmente às safras agrícolas, mais abundantes neste ano. Tanto é verdade que o índice de crescimento industrial de fevereiro, medido pelo Banco Central (o IBC-Br), voltou a despencar, alcançando negativos 0,52%, após 1,29% positivo em janeiro. Nesse contexto, o mercado já vem confirmando uma expectativa que tínhamos desde o final do ano passado: a economia brasileira, na melhor das hipóteses, crescerá apenas 3% neste ano. O mercado já espera um percentual entre 2,5% e 3%, o que é muito pouco, pois estamos saindo de uma base muito reduzida de comparação que é o 0,9% do ano passado. Além disso, pelas necessidades reais do Brasil, considerando o tamanho de sua população, precisaríamos crescer, de forma relativamente constante, entre 6% a 7% ao ano. E, nesse contexto, pressionado pela alta dos preços, o Copom se viu obrigado a aumentar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual em sua reunião deste mês de abril, passando a mesma para 7,5% anuais. É o primeiro aumento em 20 meses. E o processo não deve parar aí, pois a pressão dos preços tende a continuar, pelo menos até agosto próximo. Além disso, o aumento do juro tem seu efeito prático apenas seis meses após a tomada da decisão. Desta forma, novos aumentos da Selic deverão ocorrer no ano, a ponto de o mercado esperar um juro básico, no final de 2013, ao redor de 8,5%.

A FRAQUEZA ECONÔMICA DO GOVERNO (II)
Esta é a ponta do iceberg! O problema é que a alta de preços, mesmo com uma economia quase parada, vai muito além destes números médios oficiais, atingindo praticamente todos os setores da economia e, particularmente, os alimentos e as classes mais pobres. Tanto é verdade que a cesta básica subiu fortemente nos últimos 12 meses na maioria das cidades brasileiras (em Ijuí-RS, por exemplo, a mesma viu seu custo ultrapassar a 24% no período). Ou seja, esta é a real inflação para o cidadão brasileiro! O que se confirma é que as medidas pontuais do governo não surtem efeito algum, apenas “empurrando de barriga” o problema e deixando no rastro problemas ainda maiores para serem resolvidos. Por exemplo: a tão propalada redução da energia elétrica, além de comprometer o setor elétrico, já foi corroída pelo aumento de preços junto às concessionárias, como alertamos há mais de mês; o aumento dos combustíveis ficou e agora está pesando forte sobre o custo dos fretes e da vida do brasileiro; a redução de impostos para alguns produtos da cesta básica pouco efeito teve, pois os preços destes produtos até mesmo aumentaram em muitas situações; e assim por diante. Dito de outra maneira, ou o governo parte para medidas firmes e consistentes, estruturais, ou a situação brasileira somente irá piorar. E como o horizonte eleitoral de 2014 não está muito longe, o grande risco que corremos é de continuarmos tergiversando nas medidas econômicas, nada fazendo de ajustes estruturais, o que nos deixa na dependência de uma recuperação externa que não vem. Sem falar que aumentar o juro leva naturalmente a uma freada na atividade econômica num momento em que se precisa exatamente do contrário! Quando aqui deixamos entender que, na área econômica, o governo agia de forma supérflua, não estávamos fazendo um exercício de retórica. A atualidade dos fatos nos dá hoje, infelizmente, razão.

Postagens Anteriores