Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
Nos últimos anos, e particularmente no mandato da presidente Dilma, a economia brasileira sofre uma intervenção cada vez mais aguda do governo. Se é verdade que a ação do governo é necessária em determinados momentos da vida econômica de um país, dentro da lógica da constituição de um Estado organizador do processo econômico, também é verdade que uma intervenção constante gera distúrbios e desconfianças generalizadas. Especialmente, como é nosso caso, quando tal intervenção, além de exagerada, se mostra pontual e inócua para os objetivos a que se propõe. E mais, a mesma tem se mostrado perniciosa a ponto de intimidar o investimento privado nacional e assustar o investidor internacional.
Isso explica, aliás, porque o Brasil já não é mais o país emergente em evidência no mundo. Na luta por manter um mínimo de crescimento econômico, num cenário internacional praticamente recessivo, o governo adotou medidas desenvolvimentistas, porém, sem estar preparado para tal. Além disso, direcionadas apenas a alguns setores. Esse processo, além de não resultar efeito prático na economia (crescemos apenas 2,7% em 2011 e 0,9% em 2012), gerou uma inflação que nos aproxima da estagflação (inflação sem crescimento econômico).
Após desdenhar o controle da inflação, o governo volta atrás e decide atacá-la, porém, ainda timidamente (o recente aumento da Selic entra neste contexto). Ao mesmo tempo, o Brasil se tornou um país caríssimo, ultrapassando inclusive países do chamado mundo desenvolvido, pois o custo do trabalho subiu em demasia diante de uma produtividade ainda medíocre do mesmo. Nossos empresários pagam muito pelo retorno em serviços que a mão-de-obra, em muitos casos com baixa qualificação, oferece.
Ora, combater a inflação, que é necessário, com aumento dos juros é uma medida correta, porém, de curto prazo e que tende a frear ainda mais a economia. Ou seja, estamos sendo obrigados a adotar, por falta de fazer o dever de casa, um remédio que contradiz os objetivos e as necessidades de crescimento do país.
Sem planejamento, o governo insiste na ingerência da economia, agora mexendo nos impostos sobre o etanol, na mistura do mesmo na gasolina e assim por diante. Baixar impostos é fundamental, porém, não de maneira desordenada e pontual. É preciso criar um processo sustentável oriundo de uma ampla reforma tributária, que não vem. Assim, a ingerência do governo na economia é cada vez mais prejudicial à mesma.
Paralelamente, não investimos o suficiente (apenas 2% do PIB é voltado à infraestrutura), o crescimento da economia em 2013 já está comprometido (talvez nem mesmo os parcos 3% sejam alcançados) e, se realmente quisermos controlar a inflação (atingir o centro da meta), a Selic terá que subir para índices entre 9% e 10,5%. Na prática, como sempre que se perde o rumo, há muito discurso e pouca ação concreta, limitando-se o governo a apagar incêndio e acusar os outros.
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