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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

MERCADO DA SOJA EM PERSPECTIVA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A realidade do mercado da soja condiz com a análise em perspectiva que se tem dos mercados. A mesma nos oferece uma visão de longo prazo, pela qual se confirma a máxima econômica: o mercado “procura” girar em torno da média histórica. Ou seja, após movimentos de fortes altas ou baixas das cotações, o mercado tende a “buscar” a média. No caso da soja, a média dos últimos 25 anos, em Chicago, gira entre US$ 9,80 e US$ 10,00/bushel. Assim, após as disparadas de preço entre 2020 e 2023, provocadas pela pandemia e a guerra Rússia x Ucrânia, quando o primeiro mês cotado chegou a flertar com seu recorde histórico diário (quase US$ 18,00/bushel), o mercado iniciou um retorno a seus patamares médios. A média do ano de 2024 ficou em US$ 11,02/bushel, após US$ 14,16 em 2023 e US$ 15,49 em 2022. Já nos primeiros nove meses de 2025 a média do primeiro mês, em Chicago, foi de US$ 10,26/bushel. E mais, a média de setembro/25 foi de US$ 10,19, enquanto a de setembro/24 havia sido de US$ 10,14/bushel. Ou seja, acomodados os fatores excepcionais do período 2020 a 2023, o mercado passou a “buscar” a média. O mesmo acontece com os dois outros elementos básicos da formação do preço da soja em reais: o câmbio e os prêmios no país, guardadas as devidas diferenças entre si. Assim, o mercado interno da oleaginosa formatou uma nova média nos últimos anos, a qual se situa entre R$ 110,00 e R$ 120,00/saco, sendo onde os preços de balcão se encontram neste momento. Dito isso:  1) o mercado é volátil e terá sempre acessos de altas e baixas, muitos deles especulativos, criando momentos especiais de comercialização; 2) os custos de produção, por serem formados junto a estruturas oligopolistas (poucas empresas dominam o mercado), tendem a subir até mais, porém, jamais baixam na mesma proporção do preço do produto, levando a margem média de ganho do produtor a diminuir, em termos reais, exigindo sempre maior produtividade por hectare para compensar a lacuna (gap); 3) como a maioria dos produtores não consegue tal incremento, ela acaba realizando fortes endividamentos, os quais são causa de inadimplências importantes e, em muitos casos, irreversíveis. Especialmente em realidades como a gaúcha, onde o clima, desde 2020, geralmente tem jogado contra o setor primário.    

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