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segunda-feira, 22 de setembro de 2025

TAXAS DE JURO: RELAÇÕES E EFEITOS (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Os EUA reduziram sua taxa básica de juro, trazendo-a para 4% a 4,25% aa. Enquanto isso, o Brasil manteve sua Selic em 15% anuais. Um dos efeitos é que aumentou a atratividade dos títulos brasileiros, mesmo nosso país sendo de maior risco. Com isso, mais dólares, pelo lado financeiro, devem entrar no país, fortalecendo ainda mais o Real diante do dólar. Bom para a importação, porque paga menos em reais; ruim para a exportação, porque recebe menos em reais. Isso ajuda a segurar a inflação no país, porém, ainda insuficiente para alcançarmos, no curto prazo, o teto da meta (4,5% aa). Por enquanto, mesmo com o recuo em agosto, em 12 meses a inflação nacional acumula 5,13%. Assim, a Selic deverá continuar nos atuais níveis, pelo menos até o início de 2026. Como nossa sociedade em geral tem pouca renda (o rendimento médio real, para quem está no emprego formal, é de apenas R$ 3.484,00 ou 2,3 salários-mínimos atuais), o brasileiro se endivida fortemente, mesmo com 56% dos mesmos realizando trabalhos extras (bicos), conforme pesquisa recente em 10 capitais nacionais. Isso, somado à falta de educação financeira, leva a uma elevada inadimplência. Tal realidade freia a economia em geral. No RS metade das demandas de crediário no comércio estão sendo barradas atualmente, pois mais de 40% da população adulta está inadimplente, ultrapassando R$ 25 bilhões (no Brasil, em agosto/25, 30,2% das famílias estavam inadimplentes e 43% da população adulta estava nesta situação em setembro). No setor empresarial são 8 milhões de CNPJs inadimplentes no país (um terço do total), com dívida média de R$ 3,3 mil, porém, com 7,3 dívidas por empreendimento, o que perfaz um total médio de R$ 24,1 mil (no RS a dívida média total é de R$ 31,7 mil). O quadro é grave e demonstra a fragilidade estrutural de nosso setor produtivo. Por sua vez, o custo de um Estado que teima em gastar acima das receitas, e com baixa qualidade, nas últimas décadas, cobra o seu preço. Tem-se um círculo vicioso onde as reformas estruturais continuam necessárias, mas pouco e bem realizadas. Afinal, a aplicação das mesmas não pode dar margem a privilégios, e tampouco ser radical a ponto de inviabilizar a sociedade. É preciso um ponto de equilíbrio racional, longe do populismo e da demagogia que nos engole há muitos anos.    

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