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terça-feira, 12 de agosto de 2025

TARIFAÇO DE TRUMP: NOVAS REFLEXÕES (I) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Passados alguns meses do anúncio e, agora, da aplicação do tarifaço de Trump sobre os países do mundo, algumas novas reflexões se fazem necessárias. Tecnicamente, a ideia central do governo dos EUA é de que o dólar sobrevalorizado mundo afora “prejudica o desenvolvimento da indústria estadunidense, principalmente da indústria manufatureira. As tarifas seriam uma forma de compensar o desequilíbrio produzido pelo dólar artificialmente forte”. Estamos diante de uma contradição, pois desde 1999 a força do dólar não tem se mostrado tão evidente. Assim, o déficit da balança comercial estadunidense não vem do câmbio. O mesmo é a “contrapartida do maior crescimento da produtividade, da demografia mais favorável, da inventividade, patentes e marcas do Vale do Silício e do maior desenvolvimento institucional e da competência dos operadores de Wall Street. Seriam essas as bases das vantagens comparativas dos EUA que geram o déficit da balança comercial de bens”. Por outro lado, “as simulações indicam que, nesta guerra comercial, a alíquota de equilíbrio fica próxima de 40%, sendo que os assessores de Trump consideram que os EUA sairão ganhando”. Todavia, eles cometem o erro “de acreditar que vínculos econômicos e a ameaça de perdas econômicas são capazes de moderar um governante. Essa estratégia aplica-se entre democracias. Nestas, as perdas econômicas em geral geram derrotas eleitorais. Não é o caso em autocracias como a chinesa. O ditador tem muita capacidade de impor perdas aos seus cidadãos sem ser punido. Assim, essa estratégia não funciona com o governo chinês. Trump já perdeu algumas rodadas, pois a China retaliou e não pediu para negociar, obrigando o presidente estadunidense a buscar uma saída honrosa. Na verdade, hoje o maior problema é de longe tecnológico. Se as atividades voltarem da China para os EUA, como espera Trump, “voltarão feitas por robôs: os empregos na indústria foram perdidos para sempre pelas novas tecnologias. Além disso, há evidência recente que a queda de demanda por trabalhadores com ensino médio completo é clara, inclusive nos escritórios. Estes trabalhadores são substituídos por computadores. Ou seja, não haverá aumento de emprego nos EUA como o desejado (cf. Pessôa, S. Revista Conjuntura Econômica-FGV, maio/25, pp. 12-16). (segue)

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