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segunda-feira, 15 de abril de 2024

POR QUE O REAL ESTÁ SE DESVALORIZANDO? (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Após meses de estabilidade, dentro da considerada paridade de poder de compra normal, hoje entre R$ 4,80 e R$ 5,00 por dólar, o Real iniciou um processo de desvalorização importante, pois em curto prazo de tempo. Em 15 dias o mesmo passou a R$ 5,15 em alguns momentos da primeira quinzena de abril, havendo potencial para ir mais longe. Em um primeiro momento, o Banco Central até fez uma intervenção no mercado cambial, deixando claro que o limite superior para a paridade de referência seria mesmo R$ 5,00. Posteriormente, pouco atuou neste sentido, talvez julgando que as pressões para desvalorização sejam de curto prazo. O fato é que, no momento, existem pelo menos três motivos que levam à desvalorização. O primeiro, a continuidade da pressão inflacionária nos EUA, a qual fez o FED apontar que irá demorar um pouco mais para reduzir novamente suas taxas de juro básico. Ora, enquanto por aqui a Selic recua e o juro estadunidense se mantém, torna-se cada vez mais interessante aplicar nos EUA. Menos dólares aqui, apesar dos saldos positivos da balança comercial, mais pressão para desvalorizar a moeda brasileira. E no primeiro trimestre do corrente ano mais de US$ 20 bilhões saíram da bolsa brasileira. O segundo aspecto continua sendo a dificuldade de o governo cumprir com o arcabouço fiscal. Para 2024, o déficit zero já não ocorrerá e a margem de déficit aceita, de 0,25% do PIB, caminha para extrapolar 0,5%. E para 2025 e 2026 os últimos cálculos dão conta de que o governo federal precisará de R$ 296 bilhões para cumprir a meta. Como fazer isso diante da resistência política em cortar despesas? Afinal, somente com aumento de receitas isso não será possível. Enfim, o recrudescimento do conflito no Oriente Médio, agravado pela ação do Irã nestes últimos dias, faz o mercado buscar os chamados valores refúgio, tais como o ouro e o dólar. Com isso, as commodities sobem de preço, a pressão inflacionária volta sobre o mundo e o Real, obviamente, é atingido. Se a nossa moeda não voltar à paridade, e a desvalorização continuar como tendência, o Banco Central brasileiro deverá realizar novas intervenções, vendendo dólares das reservas, e interromper o ciclo de redução da Selic, na tentativa de atrair mais dólares ao país. Afinal, moeda desvalorizada é sinônimo de inflação e juro elevado é seu remédio, na lógica monetária.

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