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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

EMPREGO NO BRASIL: A REALIDADE (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Com as estatísticas oficiais indicando um desemprego de 5,4% no Rio Grande do Sul e de 7,8% no Brasil, no final de 2023, voltam os discursos do chamado “pleno emprego”. Vamos devagar com o entusiasmo! Se é verdade que a situação melhorou em relação aos anos recentes, também é verdade que continua havendo muita disparidade neste processo. Por enquanto, quem puxa o emprego no Brasil é o setor de serviços e o comércio. A indústria continua amargando problemas no geral, gerando pouco emprego e mesmo desempregando (-4,7% de emprego no RS e apenas 0,2% no Brasil, em 2023). Se é verdade que a população ocupada atinge seu maior nível nos últimos 12 anos, também é verdade que boa parte destes empregos se mantêm precários, com baixa remuneração. Tanto é verdade que a taxa de informalidade continua altíssima, chegando a 39,1% no ano passado. Ou seja, mais de um terço da força de trabalho brasileira está na informalidade. Com isso, a renda média do brasileiro empregado continua muito baixa, fechando 2023 em apenas R$ 2.979,00 mensais (R$ 3.222,00 no RS), isto é, 2,1 vezes o atual salário mínimo. Aliás, nove em cada 10 brasileiros que trabalham recebem menos de R$ 3.500,00 mensais. Assim, não deve ser surpresa quando a ONU aponta que o Brasil é um dos países socialmente mais desigual do mundo (fechamos 2023 com 1% dos mais ricos de nossa população detendo 28,3% de toda a renda nacional). Pois bem, se as definições e conceitos econômicos permitem especular o pleno emprego, a realidade nacional mostra que ainda estamos longe do mesmo. Sem falar da qualidade dos empregos que o país vem gerando. Como bem alerta o coordenador do IBGE no RS a respeito, precisamos ter muita cautela quando se fala de pleno emprego no país pois a expressão passa a ideia de que está tudo bem, quando muitas regiões do país e do Estado não estão com desemprego baixo (ZH-17-18/02/24, p.12). Gerar emprego com baixa remuneração, ou na informalidade, é melhor do que nada, porém, está longe de causar bem-estar social e alavancar o crescimento sustentável da economia. Isso explica muita coisa do porquê estarmos marcando passo econômico há anos. Temos potencialmente um dos maiores mercados do mundo, porém, nossa sociedade tem sido incapaz de torná-lo uma realidade.    

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