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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

UM PIB A DOIS ÂNGULOS (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

No momento em que a inflação retoma, como era esperado, com potencial de novas altas até o final do ano (ainda há defasagem nos preços dos combustíveis, por exemplo); e no momento em que esta reação inflacionária coloca em xeque a redução do juro básico recentemente iniciada, o PIB nacional do segundo trimestre gera uma análise sob dois ângulos. Pelo lado positivo, tem-se que o 0,9% foi mais robusto do que o esperado pelo mercado. Com isso, o acumulado de 12 meses, terminados em junho/23, chega a 3,2%, algo a ser comemorado pois se imaginava uma realidade pior nesta altura do ano. Aliás, quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB cresceu 3,4% no segundo trimestre de 2023. Pelo lado negativo, tem-se que o PIB perdeu força no segundo trimestre, diante do 1,9% registrado no trimestre anterior. E há possibilidade de o PIB dos próximos dois trimestres, que fecham o ano, virem fracos. Neste ângulo de análise, o PIB de 2023 poderá ficar ao redor de 2%, o que seria menor do que os 2,9% de 2022 e longe do que o país precisa, que é algo ao redor de 4% ao ano. Dito isso, salienta-se que continua preocupante as baixas taxas de investimento e poupança no trimestre. As mesmas ficaram, respectivamente, em 17,2% e 16,9% do PIB, quando o ideal é 25% para cada uma delas. Aliás, as taxas de investimento e de poupança, no segundo trimestre de 2023, ficaram abaixo das observadas no mesmo período do ano anterior (18,3% e 18,4%). Afinal, a taxa de investimento, no segundo trimestre, cresceu apenas 0,1%, repetindo a performance do primeiro trimestre do corrente ano. Ou seja, praticamente nada. Em relação a 2022, o investimento no segundo trimestre recuou 2,6%, confirmando a falta de tração nesta rubrica fundamental. E com baixo investimento, a economia futura fica comprometida, pois o crescimento depende do mesmo. E, para termos investimento, precisamos de poupança, a qual permanece baixa. Apesar disso, se olharmos o conjunto do primeiro semestre de 2023, a fotografia ainda é boa, pois o PIB acumulado cresceu 3,7% em relação ao mesmo período de 2022. Mas não esqueçamos: quem puxou efetivamente o PIB foi a agropecuária (+17,9%) no semestre, contra +1,7% na indústria e 2,6% nos serviços. E no segundo semestre sua participação tende a ser naturalmente bem menor.

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