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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

SELIC: UM NOVO CICLO (?) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O Copom, como esperado, reduziu a taxa Selic, após longos meses estabilizada em 13,75% aa. Uma medida necessária, para ajudar na alavancagem do crescimento econômico, porém, que necessitava de argumentos técnicos plausíveis para ser feita. Aparentemente, os mesmos estão reunidos, pois a baixa foi até maior do que inicialmente se esperava. Mas o mais surpreendente foi o informe do Copom de que nas suas próximas três reuniões, que encerrarão o ano de 2023, a tendência é de novos cortes de 0,5 ponto em cada uma delas. Ora, isso, se confirmado, fará a Selic terminar o ano em 11,75%, contra os 12% que se espera. É uma diferença pequena, porém, importante no sentido de, efetivamente, concretizar um ciclo de baixa. Se os condicionantes econômicos, políticos e externos caminharem no bom sentido, em tal contexto, há condições de chegarmos ao final de 2024 atingindo o dito juro básico neutro (não freia a economia e ao mesmo tempo segura a inflação). Para os padrões atuais do Brasil, este juro neutro estaria, hoje, entre 5% e 6% aa. Mesmo assim, em a inflação oficial permanecendo ao redor de 3,8% ao ano, o que continua sendo um enorme desafio, nosso juro real ficaria entre 1,2% e 2,2% aa, contra a média de 40 importantes economias mundiais, que é de 0,84% aa. Pelo sim ou pelo não, o cenário mais racional, em não havendo continuidade na “artificialização” da inflação nacional, é de terminarmos 2024 com um juro básico entre 8% e 9%. E por que se alerta para isso? Porque o governo já convive, nesse momento, com uma defasagem nos combustíveis, em relação aos preços internacionais do petróleo, ao redor de 20%, e vem segurando os aumentos, justamente para segurar a inflação e justificar juros mais baixos. Ocorre que nós sabemos aonde isso poderá levar o país logo adiante, a partir do exemplo vivido entre 2012 e 2016. Assim, todo o cuidado é pouco! Além disso, dentro de sua velha tradição de “pensar nos seus interesses particulares e não no país”, parte do Congresso Nacional já ameaça o Executivo de paralisar as discussões e encaminhamentos a respeito do ajuste fiscal, enquanto a reforma ministerial, anunciada pelo Presidente da República, não deixar claro sobre quem recairá. Mais um componente, que pode colocar “por água abaixo”, este início de reorganização econômica que tanto o país precisa.  

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