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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

A AGONIA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Nas duas últimas décadas o Brasil assistiu a uma reprimarização de sua economia. Ou seja, deixamos minguar a participação industrial, em benefício do setor primário, o qual, na maioria dos casos, agrega pouco valor já que exportamos produtos brutos ou apenas semielaborados. Hoje, a participação da indústria geral (que inclui também extrativa, construção civil e atividades de energia e saneamento), no PIB, caiu para 20,4%, o menor patamar histórico. Já o peso da indústria de transformação (que reúne todo o setor manufatureiro) caiu para 11,3% no 1º trimestre de 2021. Trata-se do menor percentual desde 1947, ano em que se inicia a série histórica das contas nacionais calculadas pelo IBGE. Entre 1996 e o primeiro trimestre de 2021, enquanto o setor primário viu sua participação no PIB geral subir de 5,5% para 7,9%, a indústria total recuou de 25,6% para 20,4%. O restante fica com os serviços. Segundo o IEDI, desde o início do século XXI, o grau de industrialização brasileiro tem sido menor que o da economia mundial e essa diferença vem aumentando, fato que caracteriza um retrocesso de longo prazo, que reforça a tese de que se trata de um problema estrutural, com vários componentes – entre eles o Custo Brasil – e não circunscrito a apenas um governo. Nos falta competitividade, pois não temos suficiente mão de obra qualificada. E jamais teremos qualificação de mão de obra se os governos continuarem desdenhando da ciência e da formação educacional em geral. Esta falta de competitividade resulta na redução da presença industrial nas exportações nacionais. Em 2000 a mesma estava ao redor de 70%. Hoje, já caiu para 42%, com tendência a recuar ainda mais. Segundo estudo da FGV (Conjuntura Econômica, outubro/21), há um enorme descompasso entre o que exportamos e importamos de produtos industriais. Além disso, nossa abertura comercial, incipiente, sempre privilegiou as importações e pouco fez para estimular as exportações. Para começar, é urgente que nossa política econômica priorize apoiar as exportações que possuam valor adicionado maior do que o correspondente às importações. 

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