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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

SEGUNDO SEMESTRE: CONTINUAM AS INCERTEZAS (Final) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Com baixa renda, aumento do endividamento e da inadimplência no país, a recuperação da economia patina, pois o consumo fica comprometido. Como aumentá-lo no atual contexto econômico? Ajustando as contas públicas, reduzindo as desigualdades e aumentando a produtividade. Caso contrário, sua recuperação é praticamente impossível, fato que explica o porquê de a economia estar em grandes dificuldades desde 2014, pelo menos. Situação agravada a partir de 2020 com a pandemia. E, se alguém imagina que o aumento de mais de 24% na arrecadação de tributos, no primeiro semestre de 2021, seja um sinal de recuperação, está enganado. Primeiro, porque, assim como no caso do crescimento da economia, a comparação é com o período do ano passado, o qual foi extremamente baixo devido ao auge da pandemia. Em segundo, com tal inflação é lógico que a arrecadação aumenta, pois os tributos são cobrados, em sua maioria, a partir dos preços dos bens e serviços. Além disso, o governo, diante da necessidade de caixa, apertou o controle sobre a cobrança tributária, algo que havia sido afrouxado no ano passado. Assim, se retirarmos os fatores atípicos, a arrecadação, embora positiva, exige cautela na análise. E, para completar o quadro, diante da inflação acelerada, o Banco Central retomou a alta do juro básico. A tendência da Selic é de terminar o ano ao redor de 6%, talvez 7%. Ou seja, pelo menos três vezes mais do que finalizou 2020. Embora sendo necessária, será preciso muito cuidado com a dosagem, pois além de tardia, a alta tende a comprometer o pouco de retomada econômica que se espera para os anos futuros. E, sobre todo este conjunto de fatos, tem-se ainda o déficit público, o qual continua crescente, algo que aumenta a dívida pública em relação ao PIB (só não irá crescer neste ano pelo fato de a inflação permitir maior arrecadação de impostos). Essa realidade impede que o câmbio se estabeleça, de forma segura, ao redor de R$ 4,80 por dólar, nível considerado adequado pela paridade de poder de compra na atualidade. Enfim, as incertezas crescentes quanto a real capacidade e interesse, do atual governo, em combater o déficit público, completam o quadro. Assim, se há uma melhora na economia, ela se dá em razão da possibilidade, finalmente, de um maior controle da pandemia, e muito pouco pelas ações de políticas de Estado. 

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