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segunda-feira, 14 de junho de 2021

AINDA SOBRE O PIB (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Nestes dias saiu igualmente o PIB gaúcho para o primeiro trimestre de 2021. Houve crescimento de 5,5% em relação ao primeiro trimestre de 2020, o qual havia sido negativo em 3,3%. Além da base de comparação ser muito baixa, dois outros fatores merecem atenção. O empuxe do setor primário, diante de uma safra cheia e preços recordes das commodities de exportação, em especial a soja e as carnes. E a performance da indústria, especialmente a exportadora, na medida que o câmbio puxou os preços em reais para cima, gerando mais renda bruta. Quanto ao PIB do Brasil, além do já comentado na coluna passada, deve-se complementar que o consumo das famílias veio fraco, pois neste período não houve auxílio emergencial; que os investimentos cresceram bem, porém, muito devido a plataformas de petróleo antigas que foram ali computadas (tirando isso o mesmo fica bem menor); e a alta dos estoques. Isso significa que o 1,2% de crescimento não permite euforia. Além disso, o PIB cresce, porém, não puxa o emprego. Porque o PIB do setor de serviços cresceu muito pouco, sendo o mais atingido pela pandemia. E esse é o setor que gera mais empregos. Assim, segmentos mais intensivos em empregos, caso dos serviços, ainda patinam. Desta forma, ficamos diante de uma contradição importante: a economia começa a voltar ao estágio anterior, o que é positivo embora insuficiente, porém, o desemprego continua crescendo; a fome aumentou enormemente no país; a inflação dispara; os juros começam a subir para segurá-la, fato que tende a frear a recuperação econômica logo adiante; e muitas empresas e empregos não voltarão mais ao mercado. É esse conjunto de fatos e situações que exigem ainda muita cautela nas expectativas futuras de PIB. Neste contexto, o pior parece ter passado (embora isso ainda dependa da pandemia e da vacinação). Estamos, agora, em um processo de transição, por enquanto apenas voltando ao lugar em que estávamos. O grande desafio é fazer esta transição o melhor possível, tendo no horizonte um ano de 2022 que será tomado pelas questões eleitorais, as quais geralmente geram medidas populistas que irão cobrar seu preço no futuro. Enfim, os PIBs vieram bons, superando expectativas, mas a análise aprofundada dos mesmos nos obriga a alertar para a falsa sensação de que estamos bem, pois não é o caso, já que há muita coisa ainda a ajustar. 

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