:)

Pesquisar

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

OS PRIMEIROS 45 DIAS (I) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Os primeiros 45 dias de 2021 no Brasil são de piora na pandemia, apesar do início (confuso) da vacinação; alto desemprego, sem perspectivas de melhora no médio prazo; inflação em elevação, devendo continuar nos próximos meses; crise fiscal do Estado insolúvel, e engolindo nossa capacidade de reação; e setor político paralisado em torno de picuinhas retrógradas. O Brasil corre sério risco de estar iniciando mais uma década perdida em sua economia. Perdemos o rumo do crescimento e a pandemia escancarou antigas carências. Um dos problemas do Brasil é a baixa qualidade dos serviços públicos, os quais custam fortunas à sociedade, sendo o cerne do Custo Brasil. O caos na saúde, cristalizado pela pandemia, é apenas um aspecto da questão, a qual passa pela educação, apoio à ciência, segurança, habitação, infraestrutura etc. No final de 2019 o Ministério da Economia divulgava que o Custo Brasil consumia das empresas R$ 1,5 trilhão por ano, ou seja, 22% do PIB. Em tal quadro, não deveria nos surpreender o fechamento e a saída do país das fábricas. Hoje, empregar pessoas no Brasil custa um total anual de R$ 320 bilhões a mais do que a média da OCDE. Em tal realidade, o investimento estrangeiro caiu fortemente no Brasil em 2020, tanto para o setor produtivo quanto para a Bolsa de Valores e para financiar o governo. O capital produtivo teria fechado o ano passado com ingresso de US$ 36 bilhões, ou seja, metade do ingressado em 2019. Já na área especulativa, representada pela Bolsa, fundos de investimentos e títulos da dívida federal, saíram do país US$ 14,8 bilhões, o maior volume desde 2016, quando o país estava na maior recessão em mais de um século. A participação de investidores externos nos papéis do Tesouro Nacional, que chegou a 20,8% do total em maio de 2015, caiu para apenas 9,47% em novembro de 2020. Diante disso, como rolar mais de R$ 640 bilhões de dívida pública que vencem neste primeiro quadrimestre de 2021? E a pandemia está longe de ser o principal fator deste comportamento. O principal motivo está nas incertezas quanto ao rumo de nossa economia, associadas à má gestão pública federal, incluindo as questões sanitárias, e a péssima política ambiental, de governança e social. (segue)

Postagens Anteriores