:)

Pesquisar

segunda-feira, 4 de maio de 2020

A CRISE E O DINHEIRO ESTATAL PARA PAGÁ-LA


Se é verdade que os gastos públicos em socorro à economia devem ser mantidos e melhorados enquanto durar a pandemia, também é verdade que, passada a crise, o Estado deve retomar o rumo do ajuste fiscal, sabendo que, agora, tal ajuste levará de dois a três anos adicionais. Portanto, os gastos para enfrentar a Covid-19 devem ser vistos como temporários. Errará o governo se decidir, pós-pandemia, esquecer o ajuste fiscal e partir para um programa desenvolvimentista populista/eleitoreiro. Já sabemos onde nos leva esta segunda opção. É por isso que o anunciado programa Pró-Brasil, em suas linhas gerais importante, precisa ser organizado em acordo à retomada do ajuste fiscal irrestrito. O mesmo terá que estimular o investimento privado, aliviando o setor público. Caso contrário, a inviabilização de nossa economia será mais longa e profunda do que já se projeta. Isso porque os recursos que os Estados estão utilizando para atacar a crise são provenientes de empréstimos, sendo a forma mais comum a venda de títulos públicos. Isso leva a um aumento da dívida bruta em relação ao PIB, sendo que a nossa se aproxima rapidamente de 100% do PIB. Títulos públicos são contratos emitidos pelo Tesouro Nacional pelos quais investidores (pessoas físicas, empresas e até outros governos) emprestam dinheiro ao governo por um período de tempo determinado. No vencimento eles recebem o dinheiro que emprestaram com juros. Com que dinheiro o governo paga esta conta? Arrecadando mais impostos; de lucros de empresas estatais; da emissão de moeda; e do corte de gastos públicos. Esta última é a estratégia mais correta, pois no Brasil tais gastos são muitos e mal feitos. Desde 2017 o governo vem tentando implementar esta estratégia, via reformas estruturais, com grandes dificuldades de execução. Se o custo da Covid-19 não entrar nesta lógica, será um retrocesso, pois mais impostos inviabilizaria por completo o já combalido setor produtivo; o lucro de estatais, quando há, é muito pouco para as necessidades nacionais; e a emissão de moeda tende a gerar inflação logo adiante, como nosso passado já mostrou.   

Postagens Anteriores