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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

ESFORÇOS PARA “DESPIORAR” (I)


Argemiro Luís Brum
08/08/2019

Apesar das constantes declarações estapafúrdias, e muitas delas irresponsáveis, do Presidente da República, a equipe econômica vem se equilibrando, objetivando criar um mínimo de condições para que a economia não piore ainda mais. Além da reforma da Previdência, que avança mesmo incompleta e desigual, a equipe do ministro Guedes aposta no encaminhamento da reforma tributária, na MP da Liberdade Econômica, na liberação de recursos do FGTS, na redução do juro básico Selic, na privatização de estatais que o Estado não dá conta etc. No curto prazo busca-se fechar o ano com déficit primário de R$ 139 bilhões, pois o risco de o mesmo vir a ser maior é grande. No médio prazo, visa-se criar melhores condições para que 2020 não seja tão ruim quanto 2019. No longo prazo, espera-se assistir um início de recuperação consistente a partir de 2024, se o cenário internacional não complicar as coisas. Mas, em um horizonte mais largo, é preciso muito mais e com maior profundidade, diante dos desafios existentes e que passamos a elencar: 1) um dos grandes problemas da Previdência é o privilégio existente para algumas categorias. Ora, pela proposta em discussão, tais privilégios pouco irão diminuir, fato que nos fará perder uma oportunidade histórica de iniciar melhorias sociais mais consequentes; 2) o Estado é inchado e ineficiente, mesmo assim, desde que o Brasil entrou em recessão, em meados de 2014, o rendimento médio do setor privado ficou estagnado, enquanto o do setor público teve ganho real de 10%, sendo que no 1º trimestre de 2019 o salário médio do primeiro era de R$ 1.960,00, contra R$ 3.706,00 no setor público (em 2018 a despesa do poder público, com servidores municipais, estaduais e federais, foi a maior da história, chegando a R$ 927,8 bilhões. Isso representou 13,6% do PIB, com a diferença de remuneração entre os setores público e privado chegando a 67%); 3) o desemprego continua muito elevado, e a recente alta do trabalho com carteira assinada é muito artificial, pois a  informalidade tem crescido mais rapidamente (“a situação do emprego está tão ruim que, quando a informalidade sobe, a gente chama de recuperação” e “falar em virada no mercado de trabalho com um quarto da população subutilizada e atingindo recorde na série é minimizar o problema que a gente tem no Brasil”, segundo declarações do responsável no IBGE pela Pnad Contínua, a qual mede o desemprego); 4) em 14 Estados da Federação, os aposentados recebem mais do que os servidores da ativa (na média, as previdências estaduais pagam aposentadorias de R$ 4.800,00 mensais, quase o dobro do rendimento médio do brasileiro, que fica em R$ 2.500,00 mensais), sendo que no Rio Grande do Sul, por exemplo, tem-se 163 aposentados para cada 100 servidores na ativa, fato que leva o custo do déficit previdenciário por habitante no Estado gaúcho a R$ 1.038,00 anuais. (segue)


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