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domingo, 28 de julho de 2019

O NECESSÁRIO REALISMO ECONÔMICO


Argemiro Luís Brum
25/07/2019

As pessoas, na crise econômica, buscam sinais de otimismo, mesmo lá onde há poucas chances de existirem. Isso ocorre em relação a nossa economia. Estamos caminhando para fechar a pior década econômica dos últimos 120 anos, com crescimento médio anual de tão somente 0,6%. Podemos já estar novamente em recessão técnica, dependendo do que virá no PIB do segundo trimestre. O PIB para todo o ano de 2019, que era esperado perto de 3% no início do ano, já foi recalculado pelo próprio governo em 0,8%, portanto, menor do que os dois anos anteriores, que já foram pífios (1,1% anuais). O desemprego não está sendo resolvido. No trimestre encerrado em maio passado estávamos com 12,3% de taxa de desemprego, com 12,98 milhões de brasileiros nesta situação. A população subutilizada (não trabalharam ou estavam subutilizados) bateu em 28,5 milhões de brasileiros. Isso representa uma taxa de subutilização de 25%. Aliás, o contingente de pessoas ocupadas somente cresceu graças ao aumento dos subutilizados. Enfim, ainda há 4,9 milhões de brasileiros desalentados (desistiram de procurar emprego por não o encontrar). Para piorar o quadro, os salários não acompanham a inflação recente. Desde meados de 2014 (até março/19 inclusive), enquanto os preços subiram 30,8% (IPCA), os salários médios nacionais subiram 19% (o salário mínimo, por agregar o crescimento do PIB de dois anos antes, acabou subindo 37,8% no período, com ganho real de sete pontos percentuais, porém, a partir de 2020 este ganho adicional não será mais computado, pelo que propõe o atual governo). Soma-se a essa realidade o fato de que o setor produtivo nacional está muito fraco (o desastre de Brumadinho; a recessão na Argentina; o investimento que não se recupera no Brasil; a forte dependência das reformas, que demoram para sair e, quando saem, indicam desidratação em relação às necessidades fiscais nacionais, criando incertezas quanto a capacidade de o governo levar adiante um ajuste fiscal estrutural, são algumas das causas do problema). No que diz respeito ao investimento, um dos elementos centrais para a alavancagem da economia, segundo estudo da FGV, a taxa está no menor nível em pouco mais de 50 anos, evidenciando a fraqueza deste instrumento. Na média dos últimos quatro anos, a taxa ficou em apenas 15,5% do PIB - um percentual tão baixo só é encontrado na média dos quatro anos entre 1964 e 1967. Enquanto isso, a média mundial está em 26,2%. Assim, a economia nacional não apresenta capacidade de recuperação. E, como já afirmamos neste espaço, liberar o FGTS e baixar ainda mais o juro básico (Selic) tendem a ser paliativos de curto prazo, pois o essencial está difícil de ser realizado e, quando o é, vem incompleto. Desta forma, é legítimo buscarmos o otimismo, porém, antes de tudo precisamos de realismo econômico, sob pena de incorrermos nos mesmos erros do passado recente.

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