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sábado, 20 de julho de 2019

A DÍVIDA PÚBLICA E AS REFORMAS


Argemiro Luís Brum
18/07/2019

A dívida pública brasileira beira os R$ 4 trilhões neste momento. Ao câmbio de hoje a mesma atinge cerca de US$ 1,1 trilhão. E ela vem crescendo constantemente. Em 2012 representava 51% do PIB nacional. Em 2019 já bate em 77% e, se nada for feito para contê-la, atingirá 100% de nosso PIB em 2023. Para o governo pagar tal dívida é preciso que arrecade mais recursos do que gasta, isto é, realizando os chamados superávits nominais. Estes superávits estão associados aos resultados de dois grupos de recursos do orçamento do governo: primários e financeiros. De um ponto de vista prático, a maior parte dos países apresenta déficit no grupo de recursos financeiros, decorrentes de despesas financeiras (principalmente juros) superiores a receitas financeiras. Ou seja, a dívida só se reduz quando os superávits primários são superiores aos déficits financeiros. E é exatamente aí que o Brasil não consegue sucesso, após enorme descuido, associado a irresponsabilidades gerenciais públicas, especialmente entre 2007 e 2014. Tanto é verdade que, para 2019, ao invés de um superávit primário, deveremos ter mais um déficit, na altura de R$ 139 bilhões. Pior: os cortes que o governo vem fazendo até o momento são apenas para segurar o déficit neste nível e não para reduzi-lo. Como já é sabido, apenas reformas estruturais, que reduzam os gastos públicos e retomem o caminho do superávit primário podem encaminhar uma solução ao problema. E por que isso é um problema? Porque a natureza da dívida não está nos investimentos públicos e na melhoria dos serviços estatais em geral. Ela se encontra no inchaço do Estado, ou seja, a dívida cresce em função da manutenção da máquina pública ineficiente e gastadora, a partir de uma estrutura construída em cima de privilégios dados a alguns segmentos da sociedade. Um dos principais rombos está na Previdência. Por isso, sua reforma é fundamental. Após esta, outras reformas precisarão ser feitas. Ora, já na reforma da Previdência o que vem sendo decidido, até o momento, não está bom para as necessidades das contas públicas e, muito menos, para a redução das desigualdades sociais, algo fundamental para dar empuxe à economia via maior consumo. Primeiro, porque está deixando de lado, mais uma vez, setores privilegiados. Segundo, porque os destaques na Câmara estão recolocando outras tantas categorias em posições melhores do que a população em geral. Terceiro, porque este conjunto de ações já retirou 28% da economia inicial prevista com a reforma. De fato, pela proposta inicial do governo, que já não era completa, o impacto esperado era de uma economia, em 10 anos, ao redor de R$ 995 bilhões. Agora, o cálculo já está em R$ 714 bilhões, podendo se reduzir ainda mais nas próximas instâncias de discussão no Congresso. Diante disso, em poucos anos o Brasil terá que fazer uma nova reforma, pois a atual se desenha insuficiente.


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