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quarta-feira, 19 de junho de 2019

COMO DESTRAVAR (Final)


Argemiro Luís Brum
20/06/2019

Para destravar a economia nacional, uma das receitas é melhorar a produtividade do trabalho nacional. Neste sentido, nos últimos tempos, o quadro geral se agravou. O setor de serviços trabalha com produtividade negativa desde 2014 (o mesmo representa mais de 70% da economia nacional); a construção civil conseguiu resultado positivo neste início de ano, após rodar no negativo desde o último trimestre de 2013 (e assim mesmo, registrou uma expansão de apenas 0,5%); embora a indústria de transformação tenha se recuperado um pouco nos últimos dois anos, as atividades industriais intensivas em engenharia e P&D retrocederam em valor adicionado e pessoal ocupado (de 2010 a 2015 o recuo foi 16% para 15,7% e 12,2% para 11,5% respectivamente) e por aí estamos. Enquanto o mundo avança na manufatura avançada, de alto conteúdo tecnológico e digital, o Brasil viu ganhar espaço as atividades intensivas em recursos naturais, especialmente a fabricação de alimentos, confirmando a reprimarização da estrutura produtiva nacional, fato que amplia o peso das atividades com dinamismo e níveis de produtividade inferiores. Hoje a indústria 4.0 representa apenas 4% do total da indústria brasileira. Além disso, a falta de crescimento econômico eleva a informalidade a qual, por sua vez, diminui a produtividade. “No Brasil, uma empresa informal é quatro vezes menos produtiva que uma formal, sendo que a queda de produtividade no período recessivo foi duas vezes maior devido ao aumento da informalidade no período.”. Portanto, aí está um caminho para sairmos da crise: qualificar o capital humano a fim de aumentarmos a produtividade do trabalho. Infelizmente, não é isso que vem se fazendo no país, sendo que as últimas decisões do atual governo na área só vêm piorar o quadro futuro (em 2016 o Brasil só tinha 16,6% de sua população com educação superior completa, contra 70% na Coreia do Sul, 60% na Rússia, 41% na Espanha, 30% na Turquia e no Chile). Por outro lado, neste momento o percentual de alunos do ensino médio matriculados em curso técnico, concomitante ou integrado, era de apenas 9,3% no Brasil, contra 43,6% no Portugal, 45,5% na Espanha, 70,1% na Finlândia, 75,3% na Áustria. (cf. Conjuntura Econômica, FGV, maio 2019, pp. 37-45) Se não melhorarmos a produtividade geral do trabalho em nossa economia, investindo forte e adequadamente em educação e formação técnica, nunca chegaremos ao desenvolvimento e nem mesmo sairemos desse atual estágio medíocre de crescimento econômico.

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