Argemiro Luís Brum
13/12/2018
O alto desemprego no
Brasil, que já vem de alguns anos, está ligado ao fato de que a economia
nacional não cresce o suficiente. E a mesma não cresce porque há poucos
investimentos! E os investimentos têm minguado porque na última década a
economia entrou em uma espiral descendente, onde a confiança empresarial caiu
significativamente. Ao mesmo tempo, a população em geral, tentando manter seu
nível de vida, mesmo que precário em muitos casos, ignorou o movimento de recuo
econômico e o potencial desemprego que viria, e continuou a consumir acima de
suas possibilidades, gerando um endividamento e uma inadimplência sem
precedentes. Com isso, também o consumo iniciou um processo de paralisação. E a
recuperação das exportações, algo que é recente nestes últimos 10 anos, não foi
suficiente para equilibrar o quadro. Para piorar, o Estado praticamente se
inviabilizou financeiramente, reduzindo igualmente seus investimentos, os quais
já não eram significativos. O reflexo disso é que o crescimento do país iniciou
um processo de recuo e estagnação preocupante, com todas as consequências
nefastas que conhecemos, a começar justamente pelo desemprego. E o círculo se
fecha! Para iniciar um processo de recuperação o país precisaria crescer,
considerando seu tamanho e necessidades, algo em torno de 4,5% ao ano de forma
sustentável. E isso, sem corrupção! Ora, de 2009 para cá nosso crescimento está
muito abaixo disso, exceção feita a 2010 quando, por medidas públicas de apoio
ao consumo (as quais levaram ao descontrole da economia nos anos seguintes), o
PIB aumentou 7,5%, contra 0,1% negativo em 2009. A partir daí nosso crescimento
econômico só recuou, culminando com a grande recessão de 2015 e 2016, quando o
PIB ficou negativo respectivamente em 3,8% e 3,3% (cf. IBGE). A reação posterior
é, infelizmente, pífia, pois ficamos com 1,1% positivo em 2017 e se projeta
algo entre 1% e 1,5% para 2018. Portanto, estamos há praticamente 10 anos em
marasmo econômico, consolidando mais uma década perdida. Para quem ainda não se
deu conta do prejuízo que vivemos, indicamos que o crescimento médio da
economia brasileira, na anterior e conhecida década perdida (1983 a 1992),
ficou em 2,06%. Já na atual (2009 a 2018) o mesmo fica em 1,19%. Além disso, o
cenário mundial não oferece tranquilidade. Não é de agora que existem alertas
para uma nova recessão internacional entre 2020 e 2024. Ou seja, o Brasil corre
o risco de entrar em nova crise mundial sem nem mesmo ter saído da última.
Portanto, o ajuste fiscal e as reformas estruturais são imprescindíveis para
voltarmos a crescer. Se o novo governo não conseguir fazê-las poderemos ter
mais uma década perdida. Quanto a etapa posterior, que é o desenvolvimento
econômico, a mesma não passa de uma miragem.