Argemiro Luís Brum
06/12/2018
Se a economia nacional
enfrenta as agruras de uma realidade que destacamos, em síntese, na coluna
passada, muito se deve ao fato de que os serviços do Estado são caros e
ineficientes e faltam investimentos, pois a Constituição de 1988 engessou os
gastos públicos, deixando apenas 8% do orçamento federal a serem usados nas
áreas essenciais, como saúde, segurança, educação e infraestrutura. O país
parou e afundou, enquanto uma classe privilegiada, empregada nos três poderes
da República, possui estabilidade no emprego e continua ganhando aumentos
salariais que comprometem a saúde financeira do Estado. Na verdade, com
honrosas exceções, para a classe política nacional “o Brasil parece ser muito
mais um projeto e objeto de poder do que de nação, pouco interessando se o país
avançará, desde que grupos o dominem” (cf. ZH, 26/09/18, p. 15). Por sua vez,
“nos últimos cinco anos o consumo total do governo brasileiro aumentou 4% e o
das famílias caiu 1%. Desde 2002, o salário do setor público cresceu 130%, e no
setor privado 110%. O Brasil tem 60 mil homicídios por ano, o que equivale à
soma de outros 150 países no mundo. No Brasil, um parlamentar ganha 16 vezes
mais do que a média do povo, enquanto na Espanha, por exemplo, o mesmo ganha
1,8 vez. Nos EUA existem 168 sindicatos, enquanto no Brasil temos 17.289. Na
Nova Zelândia, gasta-se numa empresa 105 horas para garantir exigências
tributárias. No Brasil são precisas 2.600 horas. O Brasil está apenas em 37º
lugar no ranking da educação mundial. A aposentadoria de um ex-presidente está
em R$ 67.000,00 mensais, enquanto a de um cidadão simples do país é de R$ 965,00
mensais (69,4 vezes menor). O brasileiro gasta 41,4% de seu salário médio anual
para pagar impostos.” (cf. ZH, 23/10/18, p. 18). Em tal contexto não admira que
o Brasil tenha permanecido, pelo terceiro ano consecutivo, em 79º lugar mundial
no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), de um total de 189 países. Estamos
estagnados em relação ao mundo. E isso que o cálculo não leva em conta as
desigualdades sociais. Caso isso fosse incluído, cairíamos para a 96ª posição.
Pelo coeficiente de Gini, o Brasil é o 9º país mais desigual do mundo. Um
horror! Estes são apenas alguns aspectos de nossa realidade, a serem
enfrentados pelo novo governo em 2019. Há muitos mais!