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terça-feira, 6 de novembro de 2018

PROPOSTAS ECONÔMICAS DO NOVO GOVERNO: UMA ANÁLISE (I)


 Argemiro Luís Brum
08/11/2018

O novo ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, que estará à frente de um superministério, em suas recentes declarações aponta para diversas questões que merecerão sua atenção a partir de 1º de janeiro próximo. Nas mesmas encontramos acertos, desencontros e erros que vamos analisar nesta e nas próximas duas colunas. O futuro ministro afirma que a política econômica brasileira vive há 30 anos em descontrole. Não é verdade! Se, de fato, considerando apenas os governos a partir de 1985, o Brasil viveu um caos econômico nos governos Sarney e Collor, faz-se mister salientar que, a partir de 1993 (governo Itamar Franco) e até 2006 (dois mandatos de FHC e o primeiro mandato de Lula) a economia não só mudou para melhor como entrou em um franco processo de estabilização. Foi um dos melhores momentos da economia brasileira em décadas! O centro deste sucesso foi o Plano Real, lançado em 1994, e, posteriormente, o tripé de sustentação econômica (meta inflacionária, câmbio flutuante e superávit primário) estabelecido no início de 1999. Infelizmente, houve enorme retrocesso na condução econômica a partir de 2007 (segundo mandato do presidente Lula e dois mandatos da presidente Dilma), quando a linha econômica mudou para o desenvolvimentismo às custas de gastos públicos ilimitados, sem cortes compensatórios de despesas. Esta decisão nos levou a uma das maiores recessões da história, ocorrida particularmente em 2015 e 2016. Ajudou para isso, igualmente, a grande crise mundial de 2007/08. A partir daí, com uma nova equipe econômica em ação (governo Temer), conseguiu-se estancar a recessão, porém, até hoje não saímos da crise econômica, na medida em que nosso PIB pouco reage. Ou seja, saímos da recessão, porém, não conseguimos dar empuxe à economia. O futuro ministro, corretamente, defende o necessário ajuste fiscal e as reformas estruturais. A questão está em como realizá-las!  Uma das propostas se encontra na simplificação e redução de impostos. Dentre as ideias está a de gerar uma alíquota única de 20% para o Imposto de Renda ou congelar a alíquota máxima deste imposto em 20%. Ora, para se conseguir isso, primeiro será preciso equilibrar as contas públicas, o que não será simples. Mas o principal elemento da proposta se encontra no fato de que a mesma é mais uma vez injusta socialmente, pois qualquer que seja o caminho, ela aumentará a distância entre ricos e pobres neste país, na medida em que aprofunda a já elevada “regressividade”, sem benefício algum do ponto de vista fiscal. Em síntese, os dois caminhos propostos pelo ministro, em relação a este imposto, ferem o princípio da progressividade (quem ganha mais deve pagar mais imposto), deixando menos dinheiro no bolso da maioria da população, gerando mais desigualdade, fato que dará continuidade à crise. (segue)

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