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quinta-feira, 5 de julho de 2018

PARA ONDE ESTAMOS INDO


 Argemiro Luís Brum
05/07/2018

A crise econômico-financeira mundial de 2007/08 está levando as diferentes nações a um consenso: a saída da mesma é a manutenção de uma economia de mercado, com a participação do Estado com um papel de organizador e/ou regulador do sistema a ser praticado. Embora a execução de tal processo se apresente difícil, está claro que o Estado assuma outra postura. Trata-se de torná-lo eficiente, competitivo. Dito de outra forma, não há mais espaço para Estados perdulários, que gastam mais que arrecadam, gastando mal e de forma irresponsável. Não há mais espaço para Estados inchados, que transferem os privilégios de um pequeno segmento social que dele se locupleta, inclusive usando sindicatos para isso, para o restante da sociedade pagar a conta, através de impostos sempre maiores, devolvendo serviços públicos de péssima qualidade à população. Ora, para tornar os Estados eficientes, sem que percam seu espaço na economia de mercado, é fundamental que haja correções profundas, hoje chamadas de ajustes fiscais e reformas estruturais. Não se trata de penalizar a população, mas sim de dar condições de longo prazo para que o Estado possa cumprir com seu papel social, sem quebrar economicamente a ponto de alimentar o caos (veja a Venezuela de hoje). Pois bem, nesta dimensão, a realidade brasileira não permite otimismo. Ou seja, passados 10 anos do início da crise mundial e superada a recessão histórica de 2015-2016, fruto de um populismo desenvolvimentista irresponsável, percebemos que pouco fizemos de concreto na direção necessária. Pelo contrário, nos últimos tempos o quadro piorou ao invés de melhorar. A tal ponto que a ociosidade das empresas brasileiras ainda está hoje ao redor de 30%, e a perspectiva de investimentos por parte das indústrias nacionais, que no início de 2018 era de 1,2% a mais do que 2017, inicia o segundo semestre do ano em redução de 0,4% sobre o investido no ano passado. E sem investimento não há PIB que cresça de forma sustentada. E sem melhoria do PIB não há geração de empregos suficiente. Ou seja, o país e sua população ficam marcando passo em torno da mediocridade, o que é “o paraíso” dos privilegiados que vivem às custas do Estado e também daquelas minorias favorecidas pelo setor privado desorganizado. Investir menos significa, igualmente, que teremos menos pesquisa e desenvolvimento. Nestas condições, o país tem perda de renda e redução da capacidade produtiva, em um quadro de atraso tecnológico irrecuperável. Para completar o cenário, corremos o risco de colocar no poder, através das eleições presidenciais de outubro, um governo despreparado, sem condições políticas de fazer o “dever de casa”. Ou mudamos o quadro ou continuaremos atrasando o país, adiando por mais algumas décadas a tão almejada chegada ao “futuro”.

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