Argemiro Luís Brum
19/07/2018
As
nações comercializam porque não conseguem ser autossuficientes em todos os
produtos. Isso porque para muitos destes produtos as nações não possuem os
fatores de produção (trabalho, capital, terra, tecnologia, capacidade
gerencial...) suficientes, tornando, assim, a produção destes bens muito mais
cara do que outras nações os produzem. Desta forma, a lógica da abertura
comercial é justamente, na teoria, propiciar que as nações vendam no mercado
internacional os produtos que utilizam maior quantidade dos fatores de produção
que elas têm em abundância, sendo assim mais competitivas em relação às nações
concorrentes, e importem os produtos que usam fatores de produção que para elas
são raros e, portanto, mais caros de produzir localmente do que importá-los.
Para que este processo funcione, e gere bem-estar para a população em geral,
através de acesso a bens mais baratos e de melhor qualidade, o livre comércio é
essencial. Ora, toda vez que um governo decide aplicar políticas comerciais que
prejudiquem esta lógica, o mesmo está se utilizando de políticas que tornam o
comércio internacional desleal, pois retiram e/ou oferecem competitividade artificial
aos bens atingidos. Em outras palavras, nestes casos não são as leis de oferta
e demanda, vantagens absolutas e/ou comparativas que determinam a participação
competitiva de uma nação no mercado mundial, mas sim a interferência estatal,
muitas vezes sob a forma de aporte de recursos via o seu Tesouro Nacional,
artificializando sua capacidade competitiva. São muitas as políticas comerciais
protecionistas postas em prática comumente pelas diferentes nações: tarifas
aduaneiras, contingenciamento, subsídios de toda ordem, dumping etc. Neste
momento, o mundo assiste a um litígio comercial entre EUA e China onde a arma
protecionista é a tarifa aduaneira. Este litígio, por iniciativa do governo
Trump, se espalha para o mundo inteiro, causando prejuízos econômicos e sociais
(desemprego) para todos os países, na medida em que, em sendo atacado, o outro
país responde com retaliações comerciais, bloqueando ainda mais o comércio
mundial. Assim, o custo de vida aumenta para todas as nações atingidas, pois se
obrigam a consumir produtos mais caros (e geralmente de menor qualidade). Ao
mesmo tempo, muitas empresas se veem obrigadas a fechar as portas, gerando
desemprego, pois não conseguem competir nesta situação artificializada pelos
Estados. Então, por que proteger? Geralmente porque os governos cedem a
pressões de setores locais de sua economia, que em não sendo competitivos
diante dos produtos externos, forçam o governo a protegê-los de alguma forma.
Assim, para defender poucas empresas e empregos o governo adota políticas
nocivas que atingem ao conjunto da Nação, com reflexos sobre o resto do mundo.
(segue)