Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
26/04/2018
No contexto do Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional, junto
à UNIJUI, desenvolvemos, no transcorrer dos anos, uma série de estudos e
pesquisas buscando entender o comportamento da economia internacional, suas
influências na economia brasileira e no comportamento do mercado das
commodities agropecuárias. Tais estudos dão origem a artigos científicos,
livros, capítulos de livros e artigos jornalísticos, caso desta coluna, além de
nos municiarem para as aulas que ministramos nos diferentes cursos da
Instituição, palestras e entrevistas em geral. Neste momento estamos
desenvolvendo uma pesquisa que busca entender o papel e o impacto da ação dos
Fundos (Investimento, Pensão...) na economia em geral e no mercado das
commodities em particular. Em termos do comportamento da economia internacional
para os próximos anos, alguns primeiros aspectos estudados e analisados chamam
a atenção e vamos sintetizar nesta e na próxima coluna. Neste início de 2018 começa a se formar um
consenso, em parte dos economistas internacionais, de que a próxima recessão
econômica mundial chegará mais cedo do que o previsto e será mais difícil de
resolver (embora ainda não esteja estruturalmente “resolvida” a recessão de
2007/08). Uma série de sinais começam a piscar no cenário internacional dando
conta desta possibilidade. Alguns destes sinais vêm da relação entre a
capitalização bursátil e o PIB do país onde a Bolsa de Valores está instalada.
No caso dos EUA, a relação entre o comportamento de Wall Street e o PIB
estadunidense mostra que nos últimos cinco anos (2013 a 2017) o índice Dow
Jones cresceu 88% enquanto o PIB daquele país avançou 13,8%. Ou seja, a
valorização das ações em Wall Street foi 6,4 vezes superior ao avanço do PIB
estadunidense no período, levando a crer que estamos diante de mais uma bolha
financeira prestes a estourar. Este índice foi criado a partir da relação das
duas variáveis econômicas citadas e, no início de 2018, ultrapassou os 150%,
indicando que os mercados estão muito sobrevalorizados. O último recorde se deu
em 2000, um pouco antes do estouro da bolha Internet (crise das empresas pontocom).
Na época o mesmo havia superado os 145%. Para os mais otimistas, a situação
ainda estaria sob controle. Porém, um segundo índice (Índice de Shiller),
mostra que o quadro é bem mais sério. A metodologia deste índice trata de usar os
preços do S&P 500 (as 500 maiores empresas cotadas na Bolsa de Nova York) relacionando-os
aos lucros médios das mesmas nos 10 anos precedentes. Em um longo período o
mesmo se estabelece na média de 17. Na véspera da segunda-feira negra, que
levou ao crash de Wall Street, em 1929, o mesmo estava em 30. Neste início de
2018 ele está em 34,75. (segue)