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terça-feira, 20 de março de 2018

EUA BALANÇAM A ECONOMIA (Final)


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
22/03/2018

A segunda grande medida tomada pelo governo dos EUA, a qual, juntamente com a reforma tributária que analisamos no comentário passado, está balançando a economia mundial, é a tarifação de suas importações de aço e alumínio (medida tomada em 8 de março passado e que começa a vigorar a partir deste dia 23/03/2018). A partir de agora toda importação de aço e alumínio feita pelos EUA sofrerá um acréscimo, em seu preço de venda interna, de 25% para o aço e de 10% para o alumínio. Ou seja, estamos diante de uma medida protecionista que contraria a lógica liberal do livre-mercado. Em função dos acordos do NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), Canadá e México, por enquanto, não serão atingidos. Já o Brasil, que é o segundo maior fornecedor mundial de aço para os EUA (em 2017 este país comprou quase US$ 3 bilhões deste insumo brasileiro, absorvendo um terço das exportações nacionais do produto), será diretamente atingido. Por sua vez, nos EUA, se por um lado a tarifação sobre o aço e o alumínio visa proteger a indústria local e gerar mais empregos, na prática provocará um aumento no custo de vida geral já que tais insumos ficarão muito mais caros (o alumínio já subiu 40% e o aço 33%). Como o país não tem autossuficiência no abastecimento de tais insumos, isto provocará quebra das empresas menos competitivas e desemprego, saindo o “tiro pela culatra”. Esta pressão inflacionária atingirá todos os setores da economia que usam aço e alumínio (automóveis, eletrodomésticos, embalagens de bebidas etc.). E isto em um momento em que a economia estadunidense começa a reaquecer, após a crise mundial de 2007/08. Ora, inflação mais alta obrigará a um aumento nos juros locais para contê-la! Assim, as duas medidas (redução na tributação das empresas e tarifação nas importações de aço e alumínio) alimentam a expectativa de que os EUA poderão aumentar suas taxas básicas de juros além do esperado até o momento. E juro alto freia a economia, derruba os preços das commodities negociadas em Bolsas de Mercadorias, atinge negativamente boa parte das ações nas Bolsas de Valores e leva os países atingidos pelas medidas a retaliar (no caso da tarifação). Com isso, o comércio mundial se fecha, aumentando o custo de vida geral e freando a retomada da economia global. No Brasil, além de exportar menos os produtos atingidos, teremos mais desemprego no setor, os preços da soja e outras commodities tendem a cair pelo recuo no mercado internacional, e o juro básico, logo mais, terá que ser elevado para conter a saída de dólares do país em busca de juros melhores nos EUA. Com isso, vai se confirmando que a janela externa, que está na essência de nossa tímida recuperação econômica, se fecha rapidamente nos colocando enormes desafios pela frente.

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