Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
21/12/2017
O resultado econômico médio da
agropecuária brasileira não foi bom em 2017. Embora a safra de verão tenha
puxado o PIB do 1º trimestre, o recuo dos preços médios durante o ano levou a
uma diminuição na renda líquida final recebida na maioria dos casos. Após
alertas nossos e estudos da Fiergs, agora a Fetag nos informa que, “apesar do
aumento de 10% no volume produzido na atual safra, a renda da agricultura
familiar fechará o ano em queda de 26,9%”. Tomando por referência apenas o Rio
Grande do Sul, verificamos que todos os principais produtos agropecuários viram
seus preços despencarem entre o início e o final deste ano de 2017. As exceções
foram a soja, que termina 2017 praticamente no mesmo nível de preço de janeiro,
ou seja, com o balcão na média de R$ 65,23/saco. Mesmo assim, há perda real
devido a inflação no período. Sem falar que em boa parte do ano tais preços
estiveram entre R$ 56,00 e R$ 60,00/saco. A segunda exceção foi o frango que,
após meses de estabilidade em valores ao redor de R$ 2,40/quilo vivo, termina
2017 em R$ 2,60 o quilo, o que representa um ganho de 8,3%. Entretanto, tal
ganho se cristalizou apenas nos últimos 40 dias. Portanto, não sendo suficiente
para cobrir os custos de produção acumulados em todo o ano. Já nos demais
produtos o quadro é preocupante. No arroz, a queda no preço médio do saco de 50
quilos foi de 23% neste ano, com o produto fechando o ano em R$ 37,30/saco. Em
alguns momentos o mesmo ficou abaixo até mesmo do preço mínimo. Já o feijão
preto assistiu a um recuo de 42,3% em seu preço na média estadual ao compará-lo
com o preço de arrancada em 2017. A média fecha o ano em R$ 129,00/saco, porém,
há muitas regiões com preços mais baixos. No milho, o preço registra um recuo
de 21,6% quando comparado com dezembro/16 e uma estabilidade quando a
comparação é com o mês de janeiro/17. Todavia, em parte do ano o produto ficou
avaliado ao redor de R$ 21,00/saco, bem abaixo dos R$ 27,30 registrados na
média deste final de dezembro/17. Já o trigo viu seu preço médio subir de R$
28,70/saco no início do ano, para R$ 30,30 neste momento (+5,6%), porém, uma
recuperação longe de compensar a enorme perda no volume produzido neste ano
(-53%), sem falar na baixa qualidade da maior parte do produto colhido. Na
pecuária, o preço do boi gordo no mercado gaúcho perdeu 5%, com a média do
quilo vivo passando de R$ 5,00 no início do ano para os atuais R$ 4,75,
ocorrendo momentos no ano em que o valor recuou para R$ 4,30. Já o suíno perdeu
muito mais! O preço do quilo vivo pago ao criador gaúcho recuou 17,2%, se
estabelecendo neste final de ano na média de R$ 3,56. Por fim, o leite perdeu
17,1% no mesmo período, com seu preço médio saindo de R$ 1,11/litro para R$
0,92. E, a julgar pelas tendências futuras, incluindo as meteorológicas,
precisamos muita cautela para 2018.