Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
07/12/2017
As notícias sobre o
comportamento do PIB nacional, anunciadas pelo IBGE neste início de dezembro,
nos oferece uma fotografia dividida em duas partes. A primeira, positiva! A revisão
do PIB dos dois trimestres anteriores, que passa de 1% para 1,3% (1º trimestre)
e de 0,2% para 0,7% (2º trimestre), somada ao 0,1% do 3º trimestre, já permite
especular que o acumulado de 2017 possa alcançar 1%. Seria o dobro do que o
0,5% inicialmente esperado e bem melhor do que o 0,7% indicado recentemente.
Juntamente com esta informação, veio o anúncio de que, finalmente, os
investimentos acusaram resultado positivo (1,6% no 3º trimestre), após 45 meses
de queda contínua. Afinal, os investimentos são a mola propulsora do
crescimento futuro de uma economia. Ao mesmo tempo, o consumo das famílias
cresceu 1,2% no trimestre, demonstrando que, embora o alto endividamento e
inadimplência, há uma recuperação, mesmo que lenta, do consumo no país. Neste último
caso, a redução da Selic, que deve fechar o ano ao redor de 7% (o mais baixo
percentual de sua história), mesmo que não esteja sendo repassada aos juros
reais da economia, pouco chegando ao bolso do consumidor até o momento, acaba
tendo um elemento mobilizador do consumo: os juros das aplicações financeiras e
poupança, estes sim baixando na rapidez da Selic, desestimulam os brasileiros a
poupar, levando paulatinamente muitos cidadãos às compras e a investimentos
produtivos. A segunda, ainda preocupante! Isso porque o crescimento do terceiro
trimestre foi justamente de 0,1%, ou seja, bem abaixo dos PIBs dos dois
trimestres anteriores. Seria um indicativo de que a recuperação econômica
estaria perdendo força, mais rapidamente do que se imaginava (o famoso voo de
galinha antecipado)? A resposta virá no 4º trimestre, ora em andamento, e
particularmente em 2018. Por outro lado, grande parte da atual reação do PIB
nacional continua concentrada na agropecuária, já que indústria e serviços
ainda enfrentam dificuldades para uma reação consistente. E o setor primário,
como sabemos, está à mercê do clima (no 3º trimestre seu PIB já foi negativo de
3%). Tanto é verdade que, no acumulado do ano o PIB nacional chega a 0,6%,
sendo que na agropecuária o mesmo atinge a 14,5% positivos, enquanto serviços e
indústria apresentam resultados negativos respectivamente de 0,2% e 0,9%. Além
disso, apesar da melhora, no acumulado de 12 meses o PIB nacional ainda está
negativo em 0,2%. Enfim, em relação ao PIB nacional, a poupança (com 15,6%) e
os investimentos (com 16,1%) marcam passo e estão longe dos 25% necessários
para tirar o país do marasmo de forma sustentável. Além disso, a continuidade
da recuperação depende do ajuste fiscal e, este, das reformas estruturais.
Portanto, o país ainda tem um longo caminho pela frente antes de se entregar ao
otimismo!