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quinta-feira, 30 de março de 2017

IMPOSTOS E DESESPERANÇA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
30/03/2017


Diante de uma proposta de Reforma Previdenciária que é atacada por muitos, cada um em busca de seus interesses individuais, forçando o governo a retirar pontos essenciais da mesma e construindo, por enquanto, uma “meia sola” inconsequente; onde a proposta de reforma trabalhista recupera um antigo projeto de terceirização do trabalho, sem grandes discussões para adequá-la às necessidades atuais do país; e onde o governo se mostra cada dia mais fragilizado na esteira da Operação Lava Jato e do descompromisso de nossos congressistas para com o país, o ajuste fiscal se faz lembrar. O governo acaba de informar que o rombo no orçamento de 2017 chega a R$ 58,2 bilhões, além do déficit primário já previsto em R$ 139 bilhões. E o mesmo se origina no fato de o governo acreditar, no momento da feitura do orçamento, de que o país cresceria acima de 1% no corrente ano (ele acaba de rever seu erro e reduz a projeção do PIB para 0,5%). Afinal, menor crescimento é sinônimo de menos arrecadação. Isso, confrontado a despesas que não se reduzem, gera um rombo no caixa. Assim, na impossibilidade de aumentar a arrecadação pelo crescimento da economia, o remédio proposto é aumentá-la aplicando mais impostos sobre a sociedade. Ocorre que tal aumento de impostos, mais uma vez, além de retirar dinheiro do bolso do consumidor terá a função somente de “tapar furo” orçamentário e não a de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. É mais do mesmo se olharmos a história recente do país. Por outro lado, todo aumento de impostos resulta em aumento de preços. Isso pressiona a inflação para cima! Tal movimento compromete a redução do juro básico logo adiante. E o círculo vicioso se instala. A recessão econômica que o país vive, a maior de sua história, tem na sua origem justamente o descontrole das contas públicas. Ou seja, na impossibilidade de cortar despesas de forma mais profunda (90% das despesas previstas no orçamento da União não podem ser alteradas sem aprovação do Congresso), mais uma vez a conta cairá sobre o contribuinte/consumidor. E como o Congresso Nacional, com raríssimas exceções, é formado por pessoas que colocam seus interesses particulares acima dos interesses da Nação, apoiados por entidades e grupos privilegiados de toda ordem, que não aceitam os ajustes necessários em nossa economia, o país vê cada vez mais distante a possibilidade de alcançar uma recuperação estrutural. Não é por nada que um grande número de brasileiros, a começar pelos mais jovens, perde tristemente a esperança no país e coloca como meta abandoná-lo o mais rapidamente possível. 

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