Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
09/02/2017
Passado o primeiro mês do novo ano, a evidência é que a economia
brasileira ainda tem muitas incertezas pela frente. Em âmbito internacional
será preciso assimilar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o
qual alimenta discursos populistas da extrema direita em outros países da
região. Países estes que terão em 2017 eleições presidenciais. Os mais afoitos
chegam a prever o desaparecimento do euro. Na Ásia, a China continuará a
implantar sua reforma econômica, fato que vem reduzindo pela metade o seu PIB
em relação ao registrado na década passada. Na América Latina se destaca a
falência do nacionalismo populista, porém, sem uma consolidação das políticas
que vêm em sua substituição. Dito de outra maneira, enquanto boa parte da
América Latina parece estar conseguindo superar o nacionalismo, o populismo e o
isolacionismo, que nos trouxe à atual crise econômica, o desafio agora é lidar
com o preço a ser pago pela prática de políticas econômicas pouco liberais e
centradas na intervenção do Estado. Essa realidade, que não é privilégio apenas
desta região do mundo, obriga os governos a fortes ajustes estruturais nas
contas públicas. Enfim, e a mais séria das ameaças, as primeiras decisões do
novo governo dos EUA (Trump) indicam que a principal potência do mundo caminha
para o buraco econômico: um nacionalismo exacerbado, que alimenta uma xenofobia
perigosa, uma política comercial protecionista, aliada a uma prática
expansionista interna, sem falar em rompimento de acordos internacionais,
inclusive na área climática. Na área econômica, a promessa do governo Trump
liberar USS 550 bilhões para o setor produtivo deve gerar uma expansão de curto
prazo nos EUA, puxando boa parte do resto do mundo, porém, logo em seguida gerará
uma crise brutal, comparável a 2007/08 e que ainda nem mesmo foi superada, pois
as contas públicas estadunidenses já estão no limite na atualidade. Tal estado
de coisas deixa em suspenso as iniciativas de superação de crise que o Brasil
começou a empreender. Afinal, não se pode esquecer que a crise brasileira e da
América Latina deixa a conta apenas para os locais, pois pouco ou nada influi
no mundo. Já a conta do estrago a ser produzido nos EUA será paga por todo o
mundo.