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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O DÉFICIT PRIMÁRIO E A GASTANÇA PÚBLICA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
29/10/2015


Infelizmente o fracasso no ajuste fiscal deste ano se cristaliza. Pelo segundo ano consecutivo o país terá um déficit primário. Pior: um déficit superior ao registrado em 2014, devendo chegar entre 0,8% a 1% do PIB, contra 0,6% no ano passado. Ou seja, os poucos ajustes que o governo conseguiu realizar estiveram longe de compensar a queda na receita, a qual, somente nos nove primeiros meses de 2015, atinge quase R$ 80 bilhões. Esse novo déficit primário indica claramente que: 2016 será pior que 2015; o governo federal terá que cortar bem mais fundo em suas despesas ao mesmo tempo em que aumentará impostos; perderemos o grau de investimento definitivamente. Tudo isso porque os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) gastam e continuam gastando mais do que deveriam, enquanto a sociedade brasileira paga a conta. Alguns exemplos da péssima gestão pública nos últimos anos: somente a Presidência da República gastou, em 2014, 210% (R$ 9,3 bilhões) mais do que em 2005, já descontada a inflação do período; os governos Lula e Dilma criaram 129.641 novos cargos concursados e 32.052 cargos de confiança, sem contar as estatais, até meados de 2015; 75% de tudo que entra no caixa do governo federal, hoje, sai diretamente para o bolso de funcionários públicos, aposentados e beneficiários de programas sociais (estes os que menos ganham); nesse contexto, seria razoável tantos funcionários públicos federais (615.621 pessoas) e cargos de confiança (99.850 pessoas) para cuidar de apenas 25% do dinheiro que sobra da arrecadação, depois dos repasses diretos?; na Eletronorte, por exemplo, boa parte do lucro de R$ 2,2 bilhões, muito graças ao forte aumento da energia elétrica, se destinou a pagar 3.400 funcionários, sendo que apenas um deles, somente em junho, recebeu R$ 152 mil de salário; não é de admirar que a burocracia cresça assustadoramente nesse país (no governo central há 49.500 áreas administrativas, sendo que somente na saúde existem 1.358 organismos com poder de gestão, onde a cada dia são criados, no país, 520 novos regulamentos), pois é preciso ocupar esse conjunto de ineficiência de alguma forma; no Congresso Nacional, a CPI da Petrobrás, que nada viu e apurou apesar de todos os documentos existentes na Polícia Federal, na Suíça etc..., gastou R$ 1,5 milhão em oito meses de “trabalho”; e assim por diante (cf. Folha On Line e O Globo). Paralelo a esse descalabro, a crise aumenta penalizando a sociedade brasileira com desemprego, recessão econômica, inflação elevada, serviços públicos cada dia mais deteriorados, infraestrutura sucateada... Até mesmo os mais pobres começam a perder o pouco que recebem junto aos programas sociais devido à falta de dinheiro público, usado para sustentar a gastança e a incompetência do governo central. E ainda há toda a corrupção, roubos e desvios ilícitos de dinheiro público a serem colocados nesta conta, os quais a cada dia se tornam mais volumosos. Se nada for feito imediatamente, nem mesmo a estabilização da economia, obtida a partir do Plano Real (1994), se manterá, e voltaremos ao caos econômico do início da década de 1990.

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