Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
15/10/2015
Como
se não bastasse a má gestão pública interna, que brindou a sociedade brasileira
com uma das piores crises econômicas das últimas décadas, assim como com uma
crise política aguda, o comportamento do governo brasileiro nas relações
exteriores, nestes últimos 13 anos, nos coloca agora praticamente fora do mapa
dos acordos comerciais, econômicos e políticos internacionais. Confirmando o
que já se sabia desde o início, a opção nacional pelos menores países da
periferia, alguns insignificantes em termos econômicos, em detrimento de
avanços nas relações com as grandes economias do Planeta (nada impedia que
fizéssemos as duas coisas ao mesmo tempo, porém, por questões ideológicas
retrógradas optamos apenas pelos primeiros), não só resultou em custos elevados
para a Nação como nos levou a perder espaço no cenário mundial, exatamente em
um momento em que mais precisamos do comércio mundial e dos investimentos
externos para sairmos da crise em que nos colocamos. O processo começa em
2003/04 quando ignoramos solenemente a Área de Livre Comércio das Américas
(ALCA), sem nem mesmo analisarmos concretamente as vantagens e desvantagens de
nela participarmos. Seguiu-se com a opção de concentramos esforços no
fortalecimento do Mercosul, porém, deixando de lado a questão comercial e
econômica, essência de sua criação, para darmos ênfase à estruturação de uma
integração política que enfatizava o reforço de uma ideologia ultrapassada. Aos
poucos o que deveria ser um bloco econômico forte, passou a se desestruturar,
com os diferentes países, em especial a Argentina, usando-o como instrumento
para bloquear o livre-comércio intra-bloco. O advento do ingresso da Venezuela
no Mercosul, e sua desastrosa “revolução” bolivariana, foi a cereja no bolo da
desestruturação do bloco. Com isso, países que estavam propensos a se aproximar
do Mercosul e a ele se integrarem, se deslocaram para outro caminho, formando a
Aliança do Pacífico (uma integração comercial e econômica de fato, já que o
Mercosul não lhes servia para esse fim). A mesma foi criada em abril de 2011 e
é formada pelo Chile, Colômbia, Peru, México e Costa Rica, devendo incorporar
outros países americanos, enfraquecendo ainda mais o moribundo Mercosul. A
fraqueza de nossa estratégia externa se consolidou em 2004 quando a tentativa
de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia viu suas
negociações interrompidas e jamais retomadas efetivamente. Enfim, nestes
últimos dias o mundo assistiu ao lançamento da TPP (Parceria Transpacífica),
com a presença dos EUA, Japão, México, Canadá, Chile e mais sete países da Ásia
e da América, visando criar um bloco econômico que faça frente aos avanços
econômicos e comerciais da China. A exclusão do Brasil de tal acordo não se dá
por questões geográficas e sim por incapacidade de nossos governantes em
perceberem os movimentos estratégicos das relações exteriores entre os países,
no bojo de uma economia globalizada e cada vez mais integrada. (segue)