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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

BRASIL PERDE ESPAÇO (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
22/10/2015

Encerramos o comentário passado afirmando que a exclusão do Brasil do TPP (Parceria Transpacífica) não se dá por questões geográficas e sim por incapacidade de nossos governantes em perceberem os movimentos estratégicos das relações exteriores entre os países, no bojo de uma economia globalizada e cada vez mais integrada. O efeito sobre a economia brasileira deverá surgir nos próximos anos, na medida em que a Parceria for aprovada pelos Parlamentos dos diferentes países membros. Além do setor primário, o Brasil será atingido em outras áreas, já que 35% de nossas exportações de produtos manufaturados se direcionam para os países componentes dessa Parceria, os quais tenderão a desviar comércio, deixando de lado boa parte dos produtos brasileiros. E de pouco adiantou, pelo menos por enquanto, nossa presidente ter corrido aos EUA recentemente para abrir uma porta comercial maior com a economia líder do mundo, afirmando cinicamente que o Brasil sempre teve vocação para o livre-comércio. Por sua vez, os acordos recentemente fechados com a China (por iniciativa chinesa, diga-se de passagem) ainda estão longe de garantir avanços econômicos ao Brasil. Enquanto isso, os EUA, mesmo liderando uma Parceria para conter os chineses, não deixaram de assinar um acordo comercial importante com a China pelo qual, dentre outras coisas, venderão ao país asiático 13 milhões de toneladas de soja anuais (justamente nosso principal produto de exportação e justamente para o nosso principal comprador internacional). Tamanha incompetência de quem nos governou e governa nos últimos 13 anos começa a trazer prejuízos cada vez maiores, visíveis não apenas nos resultados da balança comercial e nos bens que exportamos e importamos, mas, sobretudo, no acesso a novos mercados, a novas tecnologias e investimentos internacionais. Aqui, como em relação a economia interna brasileira, não faltaram avisos sobre o custo que os brasileiros iriam pagar pelas escolhas cristalizadas pelos nossos governantes a partir de 2003. Hoje “o Brasil assiste ao surgimento de um novo acordo comercial que nos deixa mais vulneráveis e menos competitivos”. Entretanto, o quadro de fraqueza externa não para nessas constatações. Segundo o FMI, com a queda no PIB nacional, o Brasil recuou para o nono lugar mundial. Pela segunda vez, desde 2007, deixamos de compor o seleto grupo das oito principais economias do Planeta. Pior, em termos per capita, em valores correntes, vamos recuar de 61º para o 70º lugar mundial (de US$ 11.600 para US$ 8.802 per capita). Além disso, enquanto o PIB do mundo deverá crescer 3,1% em 2015, o Brasil afunda para um PIB de menos 3% no mesmo ano. Enfim, a realidade brasileira nos confirma que o país não se preparou para aquilo que o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, alerta: “...o mundo enfrenta hoje a encruzilhada de três forças importantes: a transformação da economia chinesa, menos centrada em exportações e investimentos e mais em consumo; a queda dos preços das commodities, ligada à desaceleração da China; e a iminente ´normalização` da política monetária dos EUA, que deve voltar a subir o juro”.

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