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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

BALANÇA COMERCIAL E O EFEITO CAMBIAL

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
08/10/2015


Em praticamente 12 meses (1º/10/14 a 24/09/15) o Real se desvalorizou 70,3%, passando de R$ 2,46 para R$ 4,19 por dólar no período. Todavia, o processo de depreciação da moeda brasileira esteve muito concentrado entre os dias 23/07 e 24/09 do corrente ano. Nestes dois meses a depreciação foi de 27,7%, quando a moeda nacional passou de R$ 3,28 para os R$ 4,19. Nos quase sete meses que culminaram no dia 23/07 passado, o Real se depreciou 21,9%, já que iniciou o ano de 2015 valendo R$ 2,69 por dólar. Isso dá a dimensão da pressão especulativa ocorrida entre fins de julho e o final de setembro do corrente ano. Ao chegar ao recorde de depreciação em sua história, naquele dia 24/09, o Banco Central brasileiro reagiu e passou a atuar de forma mais vigorosa no mercado cambial. Ao mesmo tempo, ocorreram alguns movimentos mais positivos na direção do ajuste fiscal na área política nacional, associados à manutenção, por enquanto, dos juros estadunidenses em níveis baixíssimos. Tal conjuntura recente parece ter estancado a depreciação do Real, provocando mesmo uma reapreciação do mesmo, a ponto de o fechamento do dia 06/10/2015 registrar um câmbio de R$ 3,85 por dólar. Ou seja, entre 24/09 e o dia 06/10 do corrente, exatos nove dias úteis, a moeda brasileira se apreciou 8,1%. Tal comportamento confirma que há sim espaço para um ajustamento cambial, o qual pode estacionar ao redor de R$ 3,50 até o final do ano e, talvez, um pouco menos. Obviamente, isso está longe de ser uma certeza, pois depende de fatores políticos e econômicos internos significativos, a começar pelo avanço do ajuste fiscal, além de fatores externos ao país. Pelo sim ou pelo não, o fato é que, em meio aos estragos que tamanha depreciação do Real tem causado na economia nacional, um aspecto voltou a ficar positivo. Trata-se da retomada do superávit comercial nos primeiros nove meses de 2015. O mesmo atingiu a US$ 10,2 bilhões contra US$ 742 milhões negativos em igual período do ano passado. Todavia, ao abrirmos os números de nossa balança comercial, nem tudo é tão positivo assim. Em primeiro lugar, boa parte de tal resultado se deve a maior freada das importações (-23%) nos primeiros nove meses deste ano em relação ao mesmo período de 2014. Ao mesmo tempo, as exportações igualmente recuaram, perdendo 16,8% no período. Ou seja, se de um lado o Real depreciado freia mais as importações, a recessão econômica que atinge o Brasil faz estragos bem mais sérios tanto nas vendas quanto nas compras externas. Resta saber o que acontecerá com nosso comércio externo nestes últimos três meses de 2015 e, particularmente, em 2016, ano em que a recessão deve continuar, caso o Real confirme esta reapreciação em direção a níveis mais lógicos. 

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