Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
10/09/2015
Neste momento o mundo
ainda não saiu da crise iniciada em 2007/08, apesar de sinais de retomada na
economia dos EUA. Ao mesmo tempo, o Brasil, e o Rio Grande do Sul em
particular, enfrentam a pior crise econômica das últimas décadas. O que fazer?
Para uma economia de mercado funcionar ela precisa de um Estado eficiente que,
pela qualidade de sua gestão (governo), crie o bem-estar social e antecipe as
crises, mitigando seus efeitos sobre os cidadãos. Portanto, independentemente
das ideologias, o que deve assumir o centro de nossas atenções é a qualidade da
gestão, seja pública ou privada. A crise brasileira atual, se é verdade que
possui componentes externos, encontra na realidade interna do país as
principais razões de existir. Por interesses particulares, por radicalismos
ideológicos, por questiúnculas políticas de todos os lados, e principalmente
por incompetência gerencial, comprometemos a economia do país nos últimos anos.
Hoje, o país chegou ao seu limite. O Estado brasileiro esgotou sua capacidade
de sustentação. Para sairmos dessa situação, somente com ajustes profundos.
Isso requer superar as forças retrógradas nacionais que, geralmente em defesa
de seus privilégios específicos, insistem em não enfrentar os desafios que a
crise exige. Afinal, corrigir um Estado pesado, inchado e ineficiente,
construído por anos à luz de gestões incompetentes, exige muito trabalho e
senso coletivo. Ao mesmo tempo, pela própria desestruturação na gestão, os
brasileiros se vêem diante de um enorme processo de corrupção pública, o qual
se instalou nas diferentes instâncias oficiais. Torna-se urgente eliminá-lo!
Portanto, a nossa crise não é oriunda de causas naturais. A dívida que temos de
pagar, em função de tal crise, é culpa de quem a fez, ou seja, dos governos
incompetentes ou mal intencionados que, por sinal, nós mesmos elegemos. Sim,
infelizmente a prática da sociedade brasileira tem sido, ao exercer o direito
democrático do voto, pouco questionar a capacidade moral, ética e gerencial de
quem escolhe para receber seu voto. Portanto, também somos, em parte, culpados
pela crise. Hoje, a conta que temos de pagar é pesada. O remédio a ser tomado é
amargo. Para sairmos dela, somente cortando despesas desnecessárias, enxugando
o tamanho do Estado, tornando-o de fato eficiente, gerando uma economia
competitiva. Isso requer qualidade de gestão, por um lado, e limpeza absoluta
daqueles que, via corrupção, usaram (e ainda usam) o bem público em benefício
pessoal e de seus grupos políticos, transferindo à sociedade a conta, principalmente
aos mais pobres, seguidamente enganada por discursos demagógicos. O Brasil pode
sair muito bem dessa crise estrutural em que foi colocado, desde que faça esses
deveres de casa. A pior coisa que pode nos acontecer é nada ou pouco fazermos,
nos iludindo que melhoramos de patamar quando na verdade construímos uma
artificialidade sem sustentabilidade. Temos a obrigação de não deixarmos
acontecer o pior e de evitarmos que tal situação se repita, tirando as lições
necessárias dessa dura e triste realidade que agora recebemos como herança, se
quisermos ter alguma chance de avançarmos para o desenvolvimento.