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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

NOVO PACOTE

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
17/09/2015


Pressionado pela perda do grau de investimento junto a uma das três grandes agências de risco mundiais (no caso a Standard & Poor’s), situação a qual não se deveria ter chegado, o governo federal reage com mais um pacote de medidas, procurando dar uma face mais consistente ao ajuste fiscal necessário, mas que não avança. Contrariando mais uma das irresponsáveis frases do ex-presidente Lula, que afirmou que a perda do grau de investimento “não representa nada”, o governo, em sua reação, sabe que nossa economia caiu mais um degrau no descrédito internacional, com enormes consequências negativas. A principal delas está no fato de que os recursos internacionais para investimentos no país serão mais raros e, quando vierem, cobrarão juros bem mais elevados. A forte desvalorização do Real nos últimos tempos era o sinal de que o mercado estava se antecipando ao inevitável. A luta, agora, é para evitar que uma das outras duas agências de risco siga o mesmo caminho, inviabilizando de vez grande parte do crédito internacional ao Brasil. Essa é a razão da aceleração na apresentação do novo pacote de medidas. O mesmo traz aspectos positivos e outros tantos negativos, porém, inevitáveis. O lado positivo da questão está no fato de que os cortes propostos atingem, finalmente, mesmo que muito parcialmente, a estrutura inchada e ineficaz do governo central. Todavia, ainda não há cortes no custeio do próprio governo, o que seria fundamental. Por enquanto, se assiste a redução de gastos na máquina administrativa, eliminação do abono de permanência, o teto remuneratório do serviço público, a suspensão de concursos e assim por diante. Na ponta dos aspectos ruins a digerir, porém, inevitáveis, estão os cortes nos programas sociais, caso do financiamento do Minha Casa Minha Vida e os gastos constitucionais com a saúde. Mas há outro aspecto ruim para o cidadão em geral: na incapacidade de realizar cortes mais profundos e amplos, o governo busca aumentar ainda mais a arrecadação, levando o povo a pagar duplamente pela incapacidade gerencial. Entra nesse contexto o retorno da CPMF (sozinha, essa arrecadação representa metade do ajuste proposto), o imposto sobre tributos e a redução de benefícios tributários às empresas. Em o Congresso Nacional aprovando a totalidade do pacote, o que está longe de ser garantido, o governo conseguiria transformar o déficit projetado para o orçamento de 2016, em superávit, a ponto de alcançar os 0,7% do PIB pré-definidos. Mas tudo isso dará resultado se o governo aguentar a pressão dos interesses de privilegiados, de políticos interesseiros de plantão, e de ideologias imediatistas. Ou seja, se não houver nenhuma recaída oficial em relação ao desejo efetivo de consertar os graves erros que ele mesmo cometeu nos últimos oito anos. Enfim, é bom deixar claro igualmente que isso tudo está ainda longe de ser suficiente para colocar a economia do país nos trilhos. Novas e duras medidas deverão acompanhar esse pacote, confirmando que a luz no final do túnel ainda está longe, a alguns anos de distância. 

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