Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
13/08/2015
A crise econômica, alimentada pelas crises moral
e política nesse país, vem se agravando e ainda não chegamos ao fundo do poço
da mesma. Temos um Congresso Nacional que é conduzido pela insensatez e
irresponsabilidade, onde leis são votadas no sentido de aprofundarem a crise do
Estado brasileiro, a partir de aumento de gastos absurdos em favor de uma
minoria. Com isso, o ajuste fiscal necessário não avança. Com raras exceções,
os congressistas trabalham contra o ajuste fiscal e, por conseqüência, sangram os
brasileiros que são obrigados a pagar a conta. Ora, o Estado brasileiro
quebrou, não havendo mais dinheiro público fácil. Pelo contrário, a gastança
foi tanta (e mal feita) nos últimos anos que o rombo (déficit fiscal) é enorme
e levará muito tempo para ser solucionado. E como em economia “não há almoço
grátis”, a conta está sendo repassada à sociedade, como sempre. E essa
irresponsabilidade política tem seu preço no campo econômico. O ajuste fiscal
não sai, e o país perde recursos internos e externos. O risco de perdermos o
grau de investimento é considerável, levando a uma saída importante de dólares.
Isso desvaloriza o Real acima do racional, provocando mais inflação, agora
também alimentada pelos custos elevados das importações. Tal realidade impele o
governo a aumentar o juro (Selic) para tentar conter a alta dos preços, fato
que inibe ainda mais o crescimento econômico, alimentando o desemprego, e
consolidando um círculo vicioso. Nesse contexto, 2016 já está comprometido.
Tanto é verdade que, se o PIB em 2015 será negativo em 2%, após um pífio 0,1%
em 2014, a
hipótese mais provável é que 2016 não terá nenhum crescimento (PIB de 0%). Com
isso, o sistema produtivo, em forte recessão, particularmente o industrial,
deverá acelerar o desemprego neste ano, sem nenhuma perspectiva de retomada no
ano seguinte. A inflação avança para os 10% anuais e dificilmente se reduzirá
consistentemente em 2016 (a meta oficial é trazê-la para 4,5%). Isso significa
que: 1) os juros podem ainda subir um pouco mais; 2) os mesmos não irão baixar
tão cedo; 3) e, mesmo que recuem, o processo será lento. Para completar o
quadro, o país se vê diante de taxas de investimento negativas. O segundo
trimestre de 2015 apresentou um recuo de 7,3% na taxa de investimentos segundo
a FGV. Paralelamente, num quadro de empobrecimento e aumento do desemprego, o
consumo das famílias recua fortemente (chegou ao seu pior nível desde 2002),
devendo se prolongar por muito tempo. Infelizmente, o risco de um cenário onde
o Brasil relutaria em tomar o remédio, contra a crise gerada pelos últimos
governos, está se cristalizando. E quanto mais tempo o país demorar em aplicar
tal remédio, mais longo será o calvário econômico nacional.