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quinta-feira, 16 de abril de 2015

REAL MUITO DEPRECIADO



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
16/04/2015

Atropelado pela forte especulação que se instalou no país a partir das fragilidades político-econômicas do atual governo, somadas a decisão do Banco Central brasileiro em não aumentar os mecanismos de sustentação do valor da moeda nacional (swaps cambiais, via comprometimento das reservas) e às dificuldades políticas do governo em tornar lei os ajustes fiscais e reformas estruturais necessárias, a moeda brasileira assistiu a uma forte depreciação nos últimos meses. De setembro/14 até fevereiro/15 a mesma atingiu a 21%, com a média do câmbio comercial passando, no período, de R$ 2,33 para R$ 2,82. O auge do processo, até o momento, foi atingido em março/15 quando se chegou a quase R$ 3,30 por dólar em alguns momentos, sendo que a média do mês ficou em R$ 3,14. Assim, relacionando as médias mensais, somente no mês de março a depreciação foi de 11,3%. Desta forma, nos últimos sete meses (setembro/14 a março/15) a moeda brasileira depreciou 34,8%. Agora, em meados de abril, o Real se apreciou um pouco fechando a primeira quinzena em R$ 3,06. Ora, o câmbio é um componente poderoso junto à economia de um país, pois a depreciação da moeda leva a um estímulo ao setor exportador e tende a frear as importações, favorecendo o alcance de superávit comercial. Todavia, importações mais caras, devido a depreciação, aumentam a pressão inflacionária interna, podendo exigir medidas monetárias duras, tipo aumento de juros, para conter a alta dos preços. Nesse contexto, diante de períodos de alta volatilidade cambial, o mercado sempre procura detectar o ponto de equilíbrio “normal” da moeda. Diversas metodologias existem para isso, sendo a paridade de poder de compra uma delas. Ora, por esta metodologia, tomando-se o período dos últimos 15 anos nota-se que a inflação dos EUA chegou a 85% (IPC) enquanto a inflação brasileira atingiu a 172% (IPCA). Esta defasagem inflacionária deve ser compensada pela depreciação da moeda brasileira a fim de que a mesma mantenha seu poder de compra de 15 anos atrás. Pelo cálculo da paridade de poder de compra, portanto, atualmente o Real deveria estar valendo algo ao redor de R$ 2,65. Ou seja, nossa moeda já se depreciou demais, havendo espaço para um ajuste que corresponderia a uma apreciação de 13,5% aproximadamente. Obviamente, tal comportamento não é automático e muitos elementos interferem no processo. Entretanto, não será surpresa se isso ocorrer caso o governo brasileiro consiga encaminhar os ajustes fiscais e algumas reformas estruturais nos próximos meses. Dito isso, vale destacar que grande parte do mercado considera adequado um câmbio entre R$ 2,90 e R$ 3,00.

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