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quinta-feira, 23 de abril de 2015

ENERGIA ELÉTRICA: DESASTRE ANUNCIADO



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
23/04/2015

Não deveria estar causando surpresa à sociedade brasileira os atuais aumentos na conta de energia elétrica, tanto residencial quanto empresarial. Os brasileiros deveriam se recordar dos alertas dados ainda em janeiro de 2013, quando intempestivamente e dentro de uma lógica populista desastrosa, mirando a reeleição em 2014, a presidente Dilma se dirigiu aos brasileiros para anunciar uma redução de 18% na conta residencial e de 32% na conta empresarial. A redução foi maior do que o previsto inicialmente, além de ter sido antecipada em 20 dias em relação ao cronograma então estabelecido. Na época, analistas do setor chegaram a batizar o fato de “populismo elétrico”. Mas a ideia oficial, além de garantir a reeleição obviamente, era reduzir o custo deste insumo básico para tentar ativar uma economia que já vinha parando desde 2011. Afinal, o governo estimulou o consumo de eletrodomésticos em geral sem fornecer infraestrutura (oferta) adequada. Os preços da energia tendiam a subir rapidamente, o que bloquearia o consumo de aparelhos. Assim, mesmo diante do risco iminente de apagões (que vieram), o governo se manteve no erro. Afinal, as concessionárias, com a redução da receita, ameaçaram não investir no setor, fato que levou o governo a optar por subsidiá-las com recursos do Tesouro Nacional, ou seja, nosso dinheiro. Para frear o estrago de um erro, cometeu-se um segundo erro. Os alertas dados não foram ouvidos, embora destacassem, com razão, que o custo de tal incompetência seria alto para toda a sociedade. Assim, se o resultado foi positivo para o governo em termos eleitorais, o desastre anunciado caiu no colo dos brasileiros, a começar pelos mais pobres. Com o estouro das contas públicas, os subsídios se esgotaram no setor elétrico, além do risco constante de faltar o insumo devido ao crescimento da demanda. O inevitável se tornou realidade. O governo deu meia-volta e retornou para onde jamais deveria ter saído: colocou os preços da energia elétrica em sua lógica natural. O problema é que houve, nesse período, um represamento que precisa ser compensado. É o que está acontecendo! Assim, os aumentos na conta de luz vêm em ritmo de hiperinflação e ainda deverão se acelerar neste ano de 2015. Aliás, os mesmos deverão continuar, pelo menos, até 2018, para que a relação custo/receita se normalize junto ao sistema elétrico nacional tamanho é o rombo causado. E tudo isso esperando que novas secas não venham piorar ainda mais o quadro de abastecimento de água, que move as turbinas, junto às barragens das hidrelétricas nacionais. Diante da impossibilidade de se gerar mais energia rapidamente, já que os projetos nesta área são de maturação lenta e nossos investimentos são poucos e mal feitos nos últimos anos, só nos resta economizar energia elétrica, pois a conta, que já duplicou para muitos, ainda irá triplicar até o final do ano.

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