:)

Pesquisar

sexta-feira, 10 de abril de 2015

COMÉRCIO EXTERIOR DESAFIADOR



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
09/04/2015

Encerrado o primeiro trimestre do ano, a balança comercial brasileira acusa um déficit de US$ 5,56 bilhões no acumulado do período. Abrindo esse número trimestral, nota-se que o mesmo é melhor do que o primeiro trimestre de 2014, quando o saldo foi negativo em US$ 6,08 bilhões, porém, a diferença é muito pequena. Além disso, o resultado de agora tem muito a ver com a forte redução das importações e não devido ao crescimento das exportações. Entre janeiro e março do corrente ano o Brasil importou menos 13,2% sobre igual período do ano passado, enquanto as exportações caíram 13,7% no mesmo período. Ou seja, o câmbio pode ter inibido as importações, porém, ainda não estimulou as vendas externas do país. Deve-se considerar que o freio nas importações está muito ligado, também, ao crescimento nulo da economia brasileira em 2014 e a tendência negativa do mesmo para este 2015. Para complicar o quadro, nossos principais itens de exportação, ligados ao setor primário, apresentam preços médios menores no cenário mundial para 2015 em praticamente sua totalidade. Reflexo de um comércio mundial que está crescendo mais lentamente do que a economia global, segundo a OMC. E isso vem desde 2012, quando se detectou que o PIB mundial havia sido de 3,4% e o crescimento do comércio de 2,9%. Em 2013 o PIB mundial ficou em 3,3% enquanto o comércio cresceu 3%. Em 2014 tal comércio teria crescido em 3,1%. Ora, entre 1987 e 2007 (20 anos), enquanto o PIB mundial cresceu na média de 3,8%, o comércio mundial registrou um aumento médio de 7,1%. Em tal contexto, muitos economistas julgam que a “idade de ouro” do comércio mundial teria chegado ao fim. E isso em função de mudanças estruturais, especialmente na China. Dito de outra forma, a crise econômico-financeira de 2007/08, que freou o comércio e o PIB mundial, acelerou uma reestruturação econômica junto aos principais países do mundo, a qual leva a um comércio mundial menos intenso. A China, por exemplo, viu sua parte das importações de peças de montagem e componentes, na totalidade das suas exportações, recuar de 60% no meio dos anos de 1990 para 35% atualmente. Os chineses mudaram sua estratégia e começam a dar mais atenção aos produtos locais em relação aos importados, aumentando seu valor agregado. Isso reflete a mudança no modelo da produção internacional, fato que deve perdurar nos próximos anos. Em tal cenário internacional, para o Brasil recuperar um superávit comercial sustentável, não basta apenas que o Real se desvalorize. Mais do que nunca os ganhos de produtividade e competitividade do setor produtivo em geral será fundamental. Para tanto, fazer bem as reformas e os ajustes estruturais na economia, hoje em discussão no país, é o primeiro passo. 

Postagens Anteriores