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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

2015 CONFIRMA



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
05/02/2015

O segundo mandato da presidente Dilma se anuncia como de austeridade, confirmando a tendência. Não poderia ser diferente. Os péssimos indicadores econômicos, acumulados nos últimos quatro anos, exigem a mudança de rumo. E o novo rumo passa pelo aperto de cinto. Terminou a ilusão do dinheiro fácil e caímos na realidade da escassez. Na base do problema estão as contas públicas. Nestes últimos anos o governo, em suas diferentes instâncias somadas, gastou muito mais do que arrecadou, num contexto de irresponsabilidade assustadora, levando boa parte da população para o mesmo caminho. A tal ponto que, pela primeira vez desde 2001, tivemos um déficit primário em 2014. O mesmo foi de R$ 32,5 bilhões ou 0,63% do PIB, quando a meta, já revisada anteriormente para baixo, era um superávit de 1,9%. Com isso, a dívida bruta subiu para 63,4% do PIB. Ora, o Estado, como qualquer outro ente econômico, também precisa equilibrar suas contas sob pena de inviabilizar seu funcionamento, inclusive nas ações sociais. O Brasil chegou ao seu limite, correndo o risco de atingir um ponto de não retorno. Nesse contexto, a correção passa por aumentos nas receitas públicas (retorno de taxas e impostos, como o IPI dos automóveis e da CIDE nos combustíveis – outras medidas ainda virão) e cortes nas despesas. Como determinados cortes (excesso de pessoal) estão impossibilitados por lei, o governo parte para mexer nos gastos sociais, atingindo a educação, a saúde, o abono salarial, o seguro desemprego, e assim por diante. Porque tais ajustes demoraram, o setor público gerou um excesso de demanda que, por sua vez, gerou uma alta da inflação. Além disso, o impulso desmesurado dado ao consumo, entre 2010 e 2014, não encontrando respaldo na infraestrutura existente, por falta de investimentos, também acelerou a elevação dos preços. Passa por aí um erro monumental de gestão que vai custar caro aos brasileiros nos próximos anos (falta energia, falta água, falta saúde, falta educação, faltam estradas...). Soma-se a isso o esgotamento do artifício de represar os preços administrados, caso da energia elétrica e dos combustíveis por exemplo. E, para piorar, apesar de tudo isso a economia não reagiu, estacionando em 0% de crescimento em 2014. Em tal contexto, a melhor maneira para controlar a inflação e recuperar a economia é gerar um quadro de contenção do gasto público corrente (o governo tem por meta um superávit primário de 1,2% do PIB em 2015). Como por este caminho os resultados demoram, no curto prazo sobra o remédio da elevação dos juros para conter a alta dos preços (deveremos terminar 2015 com uma Selic ao redor de 13%). Ora, elevar juros significa frear ainda mais a economia e gerar desemprego, o que nos coloca num círculo vicioso infernal cuja saída passa por ajustes ainda mais pesados no setor público. Como dizíamos há meses, o remédio será amargo, porém, precisa ser tomado. O desafio é não desistir do remédio, sem errar na dosagem do mesmo.

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