Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
18/12/2014
Circula um sentimento,
em boa parte dos economistas e instituições empresariais e financeiras do
Brasil, que o melhor, neste final de ano, é desejar um Feliz 2016 aos amigos e
clientes, tamanhas serão as dificuldades econômicas que o país passará em 2015.
Se existem razões concretas para isso, também existe um bom motivo para se ver
com mais otimismo o próximo ano. Obviamente, tudo dependerá dos passos que a
nova equipe econômica dará. É verdade que terminamos 2014 praticamente no fundo
do poço econômico, com um PIB estagnado em 0%; uma taxa de inflação oficial ao
redor do teto da meta (6,5%) e uma inflação real pelo menos em 15% ao ano; com
uma balança comercial em déficit ao redor de US$ 3 bilhões; com a geração de
emprego caindo rapidamente enquanto o desemprego avança em diferentes setores;
com um endividamento familiar brasileiro ao redor de 60%, enquanto a
inadimplência atinge 25% dos cidadãos deste país; com uma infraestrutura
sucateada, indicando novos e fortes reajustes de preços da energia elétrica e
dos combustíveis; com escândalos de corrupção pública de toda ordem,
particularmente na Petrobrás; com forte ameaça de termos nossa nota de crédito
no exterior mais uma vez rebaixada; e assim por diante. Nosso PIB no ano que
vem poderá não alcançar 1%. Enquanto isso, a Selic deverá bater entre 12,5% e
13,5% até o final de 2015, em busca de um retorno da inflação ao centro da meta
(4,5%), fato que parece impossível devido ao aumento dos preços da energia em
geral e das importações puxadas pela desvalorização cambial. Paralelamente, a
Bovespa faz tempo que amarga recuos expressivos neste ano, puxados pelo
desastre anunciado da Petrobrás, seja pela incompetência gerencial seja pela
enorme corrupção que a consome. Atualmente o valor de mercado da maior estatal
brasileira é de US$ 50 bilhões, ou seja, 83% a menos do que valia em maio de
2008. Enquanto isso, sua dívida cresceu de US$ 12 bilhões para US$ 110 bilhões.
Mas, apesar de tudo isso, o que permite esperar um 2015 que venha a ser, senão
positivo, pelo menos um divisor de águas, é o fato de que o governo federal
reeleito esteja mudando o modelo econômico. A possibilidade de corrigir o rumo,
finalmente, nos permite esperar, em não havendo retrocesso no processo, que em
dois anos poderemos começar a sair do atoleiro econômico em que a péssima
gestão pública nos colocou nestes últimos cinco anos, comprometendo inclusive
os programas sociais. 2015 seria muitíssimo pior se não estivéssemos vendo
nenhum movimento para corrigir o rumo, perpetuando os erros que afundariam
ainda mais o país na crise. Pelo menos, mesmo que tênue, parece que iniciamos
um processo de conserto, embora seja sabido que o remédio será amargo e os
cortes serão profundos até voltarmos a respirar economicamente melhor.