Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
06/11/2014
Para a
frustração de muitos de seus eleitores, o novo mandato da presidente Dilma
deverá ser sob a égide monetarista ou, mais precisamente, “neoliberal” como se
usou chamar aqui no Brasil as medidas que defendem o controle dos gastos
públicos e a prática de ajustes econômicos que busquem gerar competitividade e
crescimento dos fatores de produção. O anúncio imediato de um aumento na taxa
Selic, para 11,25% ao ano, associado ao reajuste nos preços dos combustíveis e
a escolha (provável) de uma equipe econômica com forte viés monetarista indica
que a presidente e seus conselheiros aprenderam o óbvio: sem ajustes
estruturais na economia, acompanhados de forte controle nos gastos estatais,
não há programas sociais que se sustentem por longo tempo. Assim, o próximo
mandato se encaminha na lógica econômica “neoliberal”, a fim de se poder manter
e, talvez, melhorar os programas sociais no futuro. Ou seja, a presidente Dilma
irá adotar as propostas de seu opositor na recente campanha eleitoral para a
Presidência da República. E, se souber realmente fazer as coisas (o que faltou
no primeiro mandato), poderá alcançar ainda mais sucesso do que provavelmente o
seu opositor conseguiria, por ironia dos fatos. Isso porque os radicais,
montados nas bandeiras ideológicas ditas “de esquerda”, continuarão abafados
pelo poder que pensam ter eleito. Também pudera, em termos econômicos, e não é
de hoje que se fala nisso, qualquer governo que fosse eleito teria que partir
para as reformas estruturais no funcionamento do Estado e da economia nacional.
Mesmo porque, também é sabido que se continuarmos na balada econômica do
primeiro mandato da presidente Dilma o país afundará ainda mais economicamente.
E os indicadores não param de preocupar nesse sentido. O dólar se mantém ao
redor de R$ 2,50, pressionando para cima a inflação, que deverá terminar, na
melhor das hipóteses, no teto da meta, com viés de alta. Mesmo assim, a balança
comercial continua deficitária em 2014, tendo o mês de outubro registrado o
pior resultado do mês desde 1998, sendo que nos primeiros 10 meses deste ano o
déficit comercial é de US$ 1,87 bilhão. O crescimento econômico neste ano
deverá ficar em tão somente 0% a 0,3%. O emprego real diminui rapidamente
enquanto o desemprego aumenta (na indústria brasileira setembro foi o sétimo
mês seguido de queda no emprego). Os investimentos continuam travados, enquanto
a indústria nacional volta a registrar crescimento negativo, com -0,2% em
setembro e -2,9% no acumulado dos nove primeiros meses de 2014. É o preço a
pagar do desenvolvimentismo com intervencionismo estatal praticado nestes últimos
anos, sem termos infraestrutura e gestão pública adequadas. A conta está
chegando para todos! E quanto mais esperarmos para atacar o problema pior irá
ficar.