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terça-feira, 4 de novembro de 2014

MEDIDAS “NEOLIBERAIS”

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
06/11/2014

Para a frustração de muitos de seus eleitores, o novo mandato da presidente Dilma deverá ser sob a égide monetarista ou, mais precisamente, “neoliberal” como se usou chamar aqui no Brasil as medidas que defendem o controle dos gastos públicos e a prática de ajustes econômicos que busquem gerar competitividade e crescimento dos fatores de produção. O anúncio imediato de um aumento na taxa Selic, para 11,25% ao ano, associado ao reajuste nos preços dos combustíveis e a escolha (provável) de uma equipe econômica com forte viés monetarista indica que a presidente e seus conselheiros aprenderam o óbvio: sem ajustes estruturais na economia, acompanhados de forte controle nos gastos estatais, não há programas sociais que se sustentem por longo tempo. Assim, o próximo mandato se encaminha na lógica econômica “neoliberal”, a fim de se poder manter e, talvez, melhorar os programas sociais no futuro. Ou seja, a presidente Dilma irá adotar as propostas de seu opositor na recente campanha eleitoral para a Presidência da República. E, se souber realmente fazer as coisas (o que faltou no primeiro mandato), poderá alcançar ainda mais sucesso do que provavelmente o seu opositor conseguiria, por ironia dos fatos. Isso porque os radicais, montados nas bandeiras ideológicas ditas “de esquerda”, continuarão abafados pelo poder que pensam ter eleito. Também pudera, em termos econômicos, e não é de hoje que se fala nisso, qualquer governo que fosse eleito teria que partir para as reformas estruturais no funcionamento do Estado e da economia nacional. Mesmo porque, também é sabido que se continuarmos na balada econômica do primeiro mandato da presidente Dilma o país afundará ainda mais economicamente. E os indicadores não param de preocupar nesse sentido. O dólar se mantém ao redor de R$ 2,50, pressionando para cima a inflação, que deverá terminar, na melhor das hipóteses, no teto da meta, com viés de alta. Mesmo assim, a balança comercial continua deficitária em 2014, tendo o mês de outubro registrado o pior resultado do mês desde 1998, sendo que nos primeiros 10 meses deste ano o déficit comercial é de US$ 1,87 bilhão. O crescimento econômico neste ano deverá ficar em tão somente 0% a 0,3%. O emprego real diminui rapidamente enquanto o desemprego aumenta (na indústria brasileira setembro foi o sétimo mês seguido de queda no emprego). Os investimentos continuam travados, enquanto a indústria nacional volta a registrar crescimento negativo, com -0,2% em setembro e -2,9% no acumulado dos nove primeiros meses de 2014. É o preço a pagar do desenvolvimentismo com intervencionismo estatal praticado nestes últimos anos, sem termos infraestrutura e gestão pública adequadas. A conta está chegando para todos! E quanto mais esperarmos para atacar o problema pior irá ficar. 


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