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terça-feira, 28 de outubro de 2014

NOVO MANDATO, VELHOS DESAFIOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
30/10/2014

A eleição presidencial brasileira sacramentou, por margem muito apertada, a continuidade do atual governo federal, reelegendo a presidente Dilma Rousseff. Se o mandato é novo, os problemas econômicos a serem vencidos continuam os mesmos. Dentre eles, o principal: recuperar o crescimento econômico (4% ao ano), reduzindo a inflação, reestruturando o tripé de sustentação da estabilidade econômica (meta inflacionária, câmbio flutuante e superávit primário), agregando a ele as reformas estruturais que possam levar o país a ter um Estado eficiente e uma economia competitiva. Tudo isso para que os programas sociais existentes possam continuar e mesmo melhorar. Ou seja, se os ajustes econômicos, com reformas estruturais pesadas, não forem feitos rapidamente, nem mesmo os programas sociais terão espaço econômico para continuarem, mesmo representando, em valores, um volume mediano. Paralelamente a tudo isso, o governo reeleito terá que recuperar a credibilidade da economia brasileira no exterior, coisa que ele mesmo colocou por terra com a maquiagem de dados contábeis-econômicos desde o final de 2012. Portanto, os desafios são conhecidos. O maior risco é, assim como ocorreu no primeiro mandato da presidente Dilma, nada ser feito e o país continuar registrando índices econômicos cada vez mais negativos, afundando a economia nacional como um todo. Por enquanto, os discursos pós-reeleição dão conta de apaziguamento político por parte do governo federal, da busca de união, já que o país saiu dividido destas eleições, e particularmente de mudanças significativas na área econômica. Nesse último caso, fica o alerta de que não basta apenas trocar nomes, como já se anunciou a respeito do Ministério da Fazenda. Será preciso trocar a política econômica, reduzindo o desenvolvimentismo que nos trouxe à atual situação difícil, trocando-o por uma política monetarista que corrija os rumos econômicos do país. Obviamente, e isso já foi dito há muito tempo, decisões de correção de rumo, para evitar o caos econômico que se desenha, terão efeitos duros sobre a sociedade, justificando o argumento de que 2015 será ainda mais difícil do que 2014. Afinal, não se faz omelete sem quebrar ovos! Nesse contexto, muitos eleitores que reconduziram o atual governo, diante de tal realidade, tenderão a gritar traição, assim como o fizeram no primeiro mandato do presidente Lula. Todavia, repito, é melhor apertar agora, corrigindo os erros econômicos realizados e agora reconhecidos pelo próprio governo, do que deixarmos o barco afundar ano após ano no lodaçal de uma economia anêmica e sem elementos de reação. Os próximos dois meses serão decisivos na definição de que rumo o país tomará. Resta esperar que realmente o governo reeleito esteja consciente do que o cerca e faça acontecer as mudanças, deixando de lado a retórica e o clientelismo que o caracterizou no primeiro mandato.


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