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terça-feira, 7 de outubro de 2014

DÍVIDA PÚBLICA: UM IMENSO DESAFIO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
09/10/2014

A dívida pública líquida brasileira está ao redor de 36% do PIB enquanto a bruta se aproxima de 60% do mesmo. Tal dívida, para os padrões nacionais, é muito elevada. Com o agravante de que ela vem crescendo e ocorre particularmente para manter a máquina pública (custeio) e pouco para investimentos que gerem capacidade de crescimento e desenvolvimento econômico. Somente em agosto passado, segundo dados oficiais, o setor público brasileiro gastou R$ 14,4 bilhões a mais do que arrecadou. Foi o pior resultado para um mês de agosto em toda a série histórica. Pior: nos oito primeiros meses do ano o setor público total do país (União, Estados, municípios e empresas estatais) poupou apenas 0,3% do PIB, ou seja, R$ 10,2 bilhões. Pior ainda: toda a contribuição do chamado governo central (Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central) nas contas públicas, nos primeiros oito meses do ano, foi um superávit de apenas R$ 1,5 bilhão ou 0,05% do PIB. Com isso, o superávit primário nacional, de janeiro a agosto, previsto para ser, em 2014, de 1,9% do PIB pelo próprio governo, ficou em míseros 0,14% da riqueza nacional. Ora, esse superávit é um dos tripés de sustentação da estabilidade econômica, juntamente com a meta inflacionária e o câmbio flutuante. É sobre ele, aliás, que as agências de risco se debruçam para avaliar a nota de crédito do país. Isso porque o superávit primário é a diferença entre o que o governo arrecada e o que gasta, sem incluir no cálculo o pagamento dos juros da dívida. O superávit justamente é para pagar tais juros. Quando os juros não são pagos leva o governo a se financiar, emitindo títulos públicos e, por consequência, elevando a dívida pública, criando assim um círculo vicioso e sem fim. Hoje a dívida interna do país chega ao redor de R$ 2,2 trilhões, sendo R$ 1,81 trilhão composta da dívida estatal geral. Nesta realidade, não será surpresa se novos rebaixamentos em nossa nota de crédito venham a ocorrer nos próximos meses. E isso reduz a confiança do capital internacional em investir no país. E como nada que é ruim não possa piorar, especialmente quando a gestão é comprometedora, o ministro Mantega acaba de anunciar que o governo atual, que busca a reeleição, sacrifica o superávit primário em favor de investimentos em educação e saúde neste ano. De que educação e saúde estaria ele falando? Na prática, a verdade é que o governo, ao continuar gastando demais e muito mal, não faz poupança suficiente e compromete o futuro do país. Portanto, um dos grandes desafios será gerar poupança, enxugando a máquina pública, a fim de melhorar os serviços estatais, aumentar os investimentos produtivos, e eliminar a ineficiência que grassa na gestão do Estado nacional.



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