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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

ENERGIA: NOVA GEOPOLÍTICA MUNDIAL (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
04/09/2014

Pelo lado chinês, o acordo do gás feito entre a russa Gazprom e a China National Petroleum Corp (CNPC), poderá reduzir sua dependência para com o carvão, de efeitos desastrosos ao meio ambiente e para a saúde pública, aumentando assim a sua competitividade industrial. Pelo lado russo, primeiro produtor mundial de gás, tal contrato lhe permite a consolidação de um mercado sem precedentes, aliviando sua difícil situação com a União Europeia devido ao problema ucraniano. Afinal, dentre as represálias europeias está a redução ao máximo da importação do gás russo, hoje representando 25% de seu consumo total de gás. Ao mesmo tempo, Gazprom terá recursos para investir US$ 55 bilhões na exploração de duas grandes fontes de gás na Sibéria oriental, além de construir um gasoduto até a fronteira chinesa. Assim, o gás que não encontrará mercado na Europa poderá muito bem ser direcionado para a China, reforçando a relação econômica entre este país e a Rússia. Nesse contexto, e não tendo ainda uma fonte alternativa adequada (principalmente porque a Alemanha, e logo mais outros países europeus, já definiu que abandonará a energia nuclear até 2025), a União Europeia revê sua postura e procura evitar que uma nova “guerra do gás” venha a ocorrer, onde o corte de fornecimento do insumo e/ou uma forte alta dos preços do mesmo possam acontecer. Isso tiraria radicalmente a competitividade de sua produção industrial, colocando em risco os empregos locais, o crescimento econômico e o bem-estar social existente. Por sua vez, ainda pelo lado russo, o acordo feito com os chineses lhe permite fazer frente ao gás de xisto que os EUA estão desenvolvendo e pretendem, com o tempo, vender ao mundo em geral e particularmente aos europeus. Para tanto, um problema precisa ser superado: o gás de xisto estadunidense seria até duas vezes mais caro do que o gás entregue pelos gasodutos russos. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o gás de xisto dos EUA pode aumentar o poder da indústria manufatureira deste país e desafiar o alcance da Rússia nesta matéria. Assim, o mundo está assistindo a construção de um novo mapa do poder econômico global. Nessa nova geopolítica mundial, o Brasil vê cada vez mais distante a possibilidade de exploração plena de seu pré-sal na medida em que a Petrobrás definha, por decisão governamental nestes últimos anos, subsidiando o consumo interno de petróleo e derivados para que se viabilize a estratégia, já superada, de alavancar a economia nacional pela venda de veículos automotores. 




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