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terça-feira, 9 de setembro de 2014

CRESCIMENTO OU CONTROLE DA INFLAÇÃO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
11/09/2014

A péssima condução da política econômica brasileira no atual governo, a ponto de a presidente Dilma informar, visando acalmar o mercado e tentar ganhar mais alguns votos, de que o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, será substituído caso venha a se reeleger, coloca o país hoje diante de uma estagnação do PIB, com potencial para se consolidar em uma recessão concreta até o final do primeiro semestre de 2015. Por enquanto, o mercado aponta para um PIB de apenas 0,48% no final do corrente ano. Mas o problema é muito maior do que parece. Como sair de tal marasmo econômico? Sim, porque mesmo que a Copa do Mundo, a crise mundial e outros fatores tenham auxiliado para esse quadro, a causa central do problema está na má gestão de nossa economia nos últimos oito anos, embora os constantes avisos de muitos. Em primeiro lugar, verifica-se que apenas a estabilização da economia, pelo fortalecimento do tripé de sustentação (câmbio flutuante, meta inflacionária e superávit primário) já não nos permite crescer, de forma sustentável, mais do que 2% a 3% ao ano, o que é largamente insuficiente. E crescer mais do que isso, sem gerar inflação, hoje é impossível no Brasil. Esse quadro difícil acabou piorando diante do desleixo oficial para com tal tripé nos últimos anos, o que sacramentou a estagnação atual. Em segundo lugar, sem reformas estruturais profundas, com importantes investimentos em infraestrutura, formação de pessoal, enxugamento da máquina pública e outros ingredientes, a estratégia de crescer pelo estímulo ao consumo interno se esgota rapidamente. Hoje, no Brasil, temos 63% das famílias endividadas, 25% dos cidadãos inadimplentes e o desemprego crescendo rapidamente. Em terceiro lugar, a insistência para com tal estratégia consumista, sem as condições para tal, levou à disparada da inflação nacional, superando o teto da meta. Em quarto lugar, como as medidas corretivas estruturais demoram a surtir efeito, o futuro governo terá pela frente a dura missão de, enquanto as realiza, agir no curto prazo. Para tanto, ou opta pelo estímulo ao crescimento, com o risco de acelerar mais a inflação, ou controla esta última, com o risco de manter freada a economia. O instrumento principal nesse caso continuará sendo o juro. Se a primeira opção for escolhida, poderá haver uma redução da Selic em 2015. Isso animaria (?) um pouco a economia, porém, pode levar a uma desvalorização do Real, pela saída de dólares do país, estimulando o processo inflacionário. Em caso de a escolha recair pela segunda opção, a tendência será juros mais elevados, com a continuidade da forte interferência do Banco Central para conter o câmbio nos atuais níveis. O custo será a manutenção de um crescimento medíocre (ao redor de 1% em 2015), com a geração de maior desemprego.



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