Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
11/09/2014
A péssima condução da
política econômica brasileira no atual governo, a ponto de a presidente Dilma
informar, visando acalmar o mercado e tentar ganhar mais alguns votos, de que o
Ministro da Fazenda, Guido Mantega, será substituído caso venha a se reeleger,
coloca o país hoje diante de uma estagnação do PIB, com potencial para se
consolidar em uma recessão concreta até o final do primeiro semestre de 2015.
Por enquanto, o mercado aponta para um PIB de apenas 0,48% no final do corrente
ano. Mas o problema é muito maior do que parece. Como sair de tal marasmo
econômico? Sim, porque mesmo que a Copa do Mundo, a crise mundial e outros
fatores tenham auxiliado para esse quadro, a causa central do problema está na
má gestão de nossa economia nos últimos oito anos, embora os constantes avisos
de muitos. Em primeiro lugar, verifica-se que apenas a estabilização da
economia, pelo fortalecimento do tripé de sustentação (câmbio flutuante, meta
inflacionária e superávit primário) já não nos permite crescer, de forma
sustentável, mais do que 2% a 3% ao ano, o que é largamente insuficiente. E
crescer mais do que isso, sem gerar inflação, hoje é impossível no Brasil. Esse
quadro difícil acabou piorando diante do desleixo oficial para com tal tripé
nos últimos anos, o que sacramentou a estagnação atual. Em segundo lugar, sem
reformas estruturais profundas, com importantes investimentos em
infraestrutura, formação de pessoal, enxugamento da máquina pública e outros
ingredientes, a estratégia de crescer pelo estímulo ao consumo interno se
esgota rapidamente. Hoje, no Brasil, temos 63% das famílias endividadas, 25%
dos cidadãos inadimplentes e o desemprego crescendo rapidamente. Em terceiro
lugar, a insistência para com tal estratégia consumista, sem as condições para
tal, levou à disparada da inflação nacional, superando o teto da meta. Em
quarto lugar, como as medidas corretivas estruturais demoram a surtir efeito, o
futuro governo terá pela frente a dura missão de, enquanto as realiza, agir no
curto prazo. Para tanto, ou opta pelo estímulo ao crescimento, com o risco de
acelerar mais a inflação, ou controla esta última, com o risco de manter freada
a economia. O instrumento principal nesse caso continuará sendo o juro. Se a
primeira opção for escolhida, poderá haver uma redução da Selic em 2015. Isso
animaria (?) um pouco a economia, porém, pode levar a uma desvalorização do
Real, pela saída de dólares do país, estimulando o processo inflacionário. Em
caso de a escolha recair pela segunda opção, a tendência será juros mais
elevados, com a continuidade da forte interferência do Banco Central para
conter o câmbio nos atuais níveis. O custo será a manutenção de um crescimento
medíocre (ao redor de 1% em 2015), com a geração de maior desemprego.