Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
18/09/2014
Encerrada a segunda
semana de setembro, a balança comercial brasileira voltou a indicar um saldo
negativo no acumulado do ano. O mesmo atingiu a US$ 467 milhões. Embora seja um
saldo bem menor do que o registrado no ano passado, quando o déficit alcançou
US$ 2,84 bilhões nessa mesma época, importante se faz destacar que nossas
exportações, em 2014, são menores do que em 2013, com a média por dia útil
caindo 1,2%, com o total ficando neste ano em US$ 162,7 bilhões, contra US$
166,6 bilhões no mesmo período de 2013. Já as importações, na média por dia
útil, recuaram mais, perdendo 2,6%, com o valor total em 2014 registrando, até
o final da segunda semana de setembro, US$ 163,2 bilhões, contra US$ 169,5
bilhões em igual momento de 2013. Por outro lado, mais importante ainda, é não
ignorarmos que importantes saldos positivos ocorridos em junho e agosto se devem
ao uso da estratégia de contabilizar, como exportação, plataformas marítimas
para exploração de petróleo, feitas em Rio Grande e que nunca, de fato, saíram do país.
Esse subterfúgio, já usado largamente no ano passado para aliviar a conta
comercial do país com o exterior é, na verdade, totalmente enganoso, já que, de
concreto, nada exportamos. Ou seja, assim como no ano passado tivemos um
déficit comercial importante, se não considerássemos essa “maquiagem”,
igualmente neste ano o déficit comercial seria muito maior no momento se tal
artifício não fosse usado. Para se ter uma ideia, somente em agosto se
contabilizou como exportação US$ 1,1 bilhão de uma plataforma marítima. Como o
superávit do mês foi oficialmente indicado em US$ 1,168 bilhão, na prática
tivemos um resultado positivo de tão somente US$ 68 milhões. E isso que o resultado
oficial de agosto, com “maquiagem” e tudo, foi o pior para o mês desde 2001.
Sem resolver o problema da competitividade de nossos produtos vendidos ao
exterior, não basta apenas que o real se desvalorize para que aumentemos o
saldo comercial. E a solução da competitividade passa por ajustes estruturais na
economia e no funcionamento do Estado, os quais demoram a dar resultados. Isso
indica uma tendência de poucas mudanças no cenário comercial externo para 2015. A título de
comparação, a China somou um saldo positivo de US$ 49,8 bilhões somente em
agosto, com aumento de 77,8% em relação ao registrado no mesmo período do ano
passado e de 5,3% na comparação com julho.
De janeiro a agosto, a China acumula um superávit comercial de US$ 200
bilhões, alta de 30,3% ante o mesmo período de 2013. As exportações subiram
3,8%, a US$ 1,48 trilhão, e as importações cresceram 0,6%, atingindo US$ 1,28
trilhão. Ou seja, na atualidade a China exporta nove vezes mais e importa quase
oito vezes mais, em valor, do que o Brasil.