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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

BALANÇA COMERCIAL VOLTA AO VERMELHO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
18/09/2014

Encerrada a segunda semana de setembro, a balança comercial brasileira voltou a indicar um saldo negativo no acumulado do ano. O mesmo atingiu a US$ 467 milhões. Embora seja um saldo bem menor do que o registrado no ano passado, quando o déficit alcançou US$ 2,84 bilhões nessa mesma época, importante se faz destacar que nossas exportações, em 2014, são menores do que em 2013, com a média por dia útil caindo 1,2%, com o total ficando neste ano em US$ 162,7 bilhões, contra US$ 166,6 bilhões no mesmo período de 2013. Já as importações, na média por dia útil, recuaram mais, perdendo 2,6%, com o valor total em 2014 registrando, até o final da segunda semana de setembro, US$ 163,2 bilhões, contra US$ 169,5 bilhões em igual momento de 2013. Por outro lado, mais importante ainda, é não ignorarmos que importantes saldos positivos ocorridos em junho e agosto se devem ao uso da estratégia de contabilizar, como exportação, plataformas marítimas para exploração de petróleo, feitas em Rio Grande e que nunca, de fato, saíram do país. Esse subterfúgio, já usado largamente no ano passado para aliviar a conta comercial do país com o exterior é, na verdade, totalmente enganoso, já que, de concreto, nada exportamos. Ou seja, assim como no ano passado tivemos um déficit comercial importante, se não considerássemos essa “maquiagem”, igualmente neste ano o déficit comercial seria muito maior no momento se tal artifício não fosse usado. Para se ter uma ideia, somente em agosto se contabilizou como exportação US$ 1,1 bilhão de uma plataforma marítima. Como o superávit do mês foi oficialmente indicado em US$ 1,168 bilhão, na prática tivemos um resultado positivo de tão somente US$ 68 milhões. E isso que o resultado oficial de agosto, com “maquiagem” e tudo, foi o pior para o mês desde 2001. Sem resolver o problema da competitividade de nossos produtos vendidos ao exterior, não basta apenas que o real se desvalorize para que aumentemos o saldo comercial. E a solução da competitividade passa por ajustes estruturais na economia e no funcionamento do Estado, os quais demoram a dar resultados. Isso indica uma tendência de poucas mudanças no cenário comercial externo para 2015. A título de comparação, a China somou um saldo positivo de US$ 49,8 bilhões somente em agosto, com aumento de 77,8% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado e de 5,3% na comparação com julho.  De janeiro a agosto, a China acumula um superávit comercial de US$ 200 bilhões, alta de 30,3% ante o mesmo período de 2013. As exportações subiram 3,8%, a US$ 1,48 trilhão, e as importações cresceram 0,6%, atingindo US$ 1,28 trilhão. Ou seja, na atualidade a China exporta nove vezes mais e importa quase oito vezes mais, em valor, do que o Brasil.


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