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terça-feira, 30 de setembro de 2014

A ECONOMIA DO CLIMA (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
02/10/2014

No embate sobre o clima, quando mais um capítulo mundial ocorreu em Nova York há poucos dias, a comunidade internacional resiste à postura dos EUA (ver comentário passado) e mantém o Protocolo de Kyoto em sua reunião de Bonn (Alemanha) de junho de 2001. As modalidades de funcionamento do mesmo são definidas em Marrakech (Marrocos) em novembro daquele ano, no mesmo momento em que a OMC lançava a Rodada de Doha, no Catar. As negociações prosseguem e o Protocolo de Kyoto entra em vigor apenas em 2005. O problema então passa a ser os chamados grandes países do Sul e como colocá-los na lógica da redução dos gases de efeito estufa. No final de 2005, em Montreal (Canadá), a China e a Índia, um tanto reservadamente, aceitam entrar nesta lógica. A situação fica mais tensa no início de 2007, com a publicação do quarto relatório do GIEC, confirmando a gravidade das mudanças climáticas. Nesse momento começa a se impor a ideia de que se torna necessário limitar o aquecimento global em 2 graus centígrados se o mundo deseja evitar conseqüências catastróficas para a humanidade e o Planeta. Todavia, em dezembro de 2007, os países emergentes recusam a ideia dos EUA de se engajarem numa posição de controle dos gases simétrica aos países desenvolvidos. É dessa maneira que o mundo chega, em dezembro de 2009, a Copenhague (Dinamarca). Mas o mundo pouco avança nessa Conferência, dando o sentimento de fracasso total em torno do tema. De fato, o acordo de Copenhague não menciona nenhuma exigência de um contrato legalmente constituído que venha a obrigar os países a reduzirem o efeito estufa. Ora, esse é um dos principais objetivos do processo. Além disso, o recrudescimento da crise econômico-financeira mundial iniciada em 2007/08 esfria o debate. Todavia, uma constatação ficou cristalizada na oportunidade: o mundo depende das decisões e acordos assumidos pela dupla de países China e EUA, o hoje conhecido G2. Ou seja, o mundo dificilmente avança atualmente sem um acordo entre estes dois gigantes econômicos. Assim, o sucesso da Cúpula de Nova York, ocorrida em setembro de 2014, passa pelo acerto entre chineses e estadunidenses, com os indianos como terceiro elemento. Enquanto estas nações emergentes resistem em aceitar uma redução em suas emissões, porque não querem desacelerar o crescimento econômico, insistem para que as nações ricas paguem a maior parte da conta, pois chegaram até aqui usando o meio ambiente e poluindo o Planeta. Sem acerto nessa questão central o mundo não evoluirá de forma concreta na direção, mesmo que mínima, de uma solução ao problema. É nesse contexto que se deve analisar, igualmente, a negativa brasileira em assinar o compromisso de “desmatamento zero” contido no texto final do evento nova-iorquino.







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