Prof.
Dr. Argemiro Luís Brum
17/07/2014
Terminada a Copa do Mundo confirma-se
que, se é verdade que houve muitos pontos positivos, também é verdade que temos
muitos aspectos negativos a enfrentar. Afinal, enquanto a Copa avançava a economia
não parou de piorar. E agora temos a conta da Copa para pagarmos igualmente.
Mais de 50% da infraestrutura (legado da Copa) está inacabada e sem prazo para
chegar ao fim, com seus custos aumentando. Muitos estádios, que custaram mais
de um bilhão de reais em reformas ou construção, estão atirados às moscas em
diferentes locais do país. Outros estádios, que serviriam para o treinamento
das seleções, nem mesmo foram usados (na Amazônia, com dinheiro público, foram
gastos R$ 36 milhões em estádios de pequeno porte que jamais recebeu alguém por
lá; em Porto Alegre ,
o estádio Olímpico recebeu reformas na altura de R$ 200 milhões para receber o
treino de seleções de futebol que nunca lá pisaram, e agora será demolido; etc).
Em Brasília, o Estádio Mané Garrincha acabou custando R$ 1,4 bilhão, valor 108%
acima do previsto originalmente, sendo que o Tribunal de Contas alerta que o
total pode alcançar R$ 1,9 bilhão após a conclusão – se forem concluídas – das obras
em torno do mesmo. Isso, onde o maior público em um jogo de equipes locais não
ultrapassa 3.000 pessoas. Ao mesmo tempo, a FIFA ganhou isenções fiscais
integrais em tudo que vendeu nos estádios, levando limpo o dinheiro para a
Suíça, sua sede. Enfim, segundo a FGV, o ganho no PIB, se houver, não passará
de 0,5% com a Copa do Mundo. Todavia, os brasileiros podem fazer uma limonada
deste limão que ficou após 30 dias de circo futebolístico. A lição nos foi
oferecida pela Alemanha dentro e fora de campo. Esse país demonstrou que os
ganhadores, nesse mundo, geralmente são aqueles que se organizam, planejam,
trabalham e ficam longe da corrupção, levando a sério seus objetivos. O
fracasso brasileiro, particularmente nos dois últimos jogos da Copa, mostra que
a era do jeitinho, do amadorismo e, principalmente, da corrupção e da
politicagem tem que ser superada. Que os resultados esportivos nos sirvam de
exemplo e nos motivem à produção desta limonada já a partir desta próxima
eleição de outubro em todas as instâncias. Afinal, da forma como estamos sendo
conduzidos não há nenhuma razão para a economia do país não seguir os passos de
nosso futebol. Dito de outra forma, hoje nosso futebol já é de segunda divisão e
não há nenhuma razão para que seja diferente no futuro se o país não mudar
rapidamente, trilhando um sólido caminho na direção da primeira divisão em
desenvolvimento político, social e econômico.