Prof.
Dr. Argemiro Luís Brum
24/07/2014
Com a nova projeção do
mercado de que o PIB nacional, em 2014, venha a ser de 0,97% (em março a mesma
estava em 1,7%), se consolida a tendência de uma economia cada vez mais no rumo
da recessão. Assim, o governo Dilma termina seu quadriênio em péssima situação,
com um crescimento médio que deverá ficar ao redor de 1,1% ao ano. Tal
comportamento não se deve unicamente ao pessimismo do mercado o qual, aliás,
advém da falta de perspectivas indicadas pela péssima condução oficial da
economia brasileira. Trata-se de um retrato do esgotamento de nossa economia
como um todo, mesmo com safras agrícolas importantes no período. Para piorar o
quadro, os meses futuros deverão ser ainda mais difíceis, pois a inflação não
cede e o desemprego aumenta. O que fazer? No contexto das reformas estruturais
que são fundamentais, seguem algumas sugestões objetivas que o futuro governo
eleito deverá necessariamente levar em conta se quisermos realmente recuperar,
no tempo, a economia nacional (cf. FGV). Em primeiro lugar, há certo consenso
de que a política econômica dos últimos anos foi ineficaz em suas tentativas de
reavivar a economia. Assim, o desafio nacional é aumentar a produtividade do
trabalho e do capital físico para que o Brasil tente voltar a crescer em torno
de 4% ao ano. Esse seria o ritmo necessário para o país dobrar a renda per
capita em 20 anos. Para tanto é preciso ter em mente que o Brasil ainda é um
país de renda baixa em relação aos desenvolvidos. Em segundo lugar, e como
dificuldade adicional, a relação de dependência no trabalho (ativos/inativos)
aumentará. Isso leva que o aumento da produtividade do trabalho necessário
venha a ser ainda maior do que o necessário hoje, para elevar o PIB per capita
aos níveis dos desenvolvidos. Em terceiro lugar, a produtividade do trabalho
aumenta de acordo com a qualificação do trabalho (medida por anos de estudo) e
o volume de capital por trabalhador (mais máquinas e infraestrutura por
trabalhador). Ora, para que o gasto público per capita com educação continue se
expandindo sem pressionar o déficit e a dívida pública, é necessário reduzir o
ritmo de crescimento de outras despesas do governo. Além disso, tais gastos não
podem apenas melhorar a educação quantitativamente e sim qualitativamente. Em
quarto lugar, como nos últimos anos os itens que aumentaram mais foram as transferências de renda,
conclui-se que, para o próximo governo, para que determinados gastos sociais
aumentem mais (saúde, educação…), será necessário que outros gastos sociais
aumentem menos (previdência, abono salarial, seguro-desemprego…). Em quinto
lugar, o aumento do investimento em capital físico dependerá de maior
atratividade e previsibilidade da taxa de retorno sobre o capital. Será preciso,
portanto, impulso via reais investimentos em infraestrutura. Enfim ,
a aceleração do crescimento do Brasil depende de ações que estimulem o
investimento em capital físico e humano.